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11.7.10

Este domingo poderia ter sido diferente

Fim da Copa. Com uma atuação fantástica dos craques brasileiros conseguimos conquistar o hexacampeonato mundial. A vitória sobre a Argentina foi incontestável, apesar de los hermanos mostrarem um futebol de alto nível. Nossos jogadores desfilaram no campo e finalmente o futebol arte vingou o desastre de 1982 (apesar de termos vencido a Argentina naquele triangular classificatório para as semifinais, o futebol poesia perdeu para a Itália na catástrofe do Sariá). Uma final sul-americana, no primeiro campeonato no continente africano, afirma que um futebol bem jogado merece também resultados positivos.

Um 3x2 inesquecível com jogadas magistrais e uma atuação impecável dos goleiros, apesar do placar elástico para os tempos atuais. Os meninos da Vila Belmiro, leves e soltos, deslumbraram o mundo com jogadas geniais e souberam ouvir um técnico experiente, ofensivo, estudioso do futebol e que como um grande companheiro conseguiu retomar os ares idílicos de um esporte que merece ser lembrado pelas grandes jogadas e não por resultados frios.

A Argentina não perdeu o jogo. Todos nós sabíamos que o resultado seria inesperado. Nada mais exuberante que uma final de Copa do Mundo com dois times ofensivos, com dois técnicos experientes e amantes do futebol. Estes fatores só afirmam um outro futuro para esporte. Mudanças também vão acontecer na FIFA já que os técnicos das equipes vencedoras, bem como os jogadores, já iniciaram uma campanha de moralização da entidade que está envolvida em várias denúncias de corrupção e tráfico de influências. As federações brasileiras também serão atingidas por esta campanha e tudo indica que teremos uma reorganização completa destas estruturas falidas e vinculadas aos interesses dos poderosos de plantão. As primeiras medidas indicam que a Adidas, Puma e principalmente a Nike, acusadas de usar mão de obra escrava nos países asiáticos, não mais interferirão nos resultados dos jogos e na organização dos Mundiais.

Empresas que produzem lixo alimentar, como a Coca-Cola e o McDonald´s, que viciam e adoecem a população mundial, em especial às crianças, serão banidas de todas as competições oficiais de futebol. Os grandes conglomerados de TV também serão punidos com novas normas. As imagens serão abertas para qualquer transmissora que desejar repassar o sinal da Copa, em especial as TV´s comunitárias e àqueles que postam vídeos na internet.

Com essas medidas o futebol tem tudo para voltar a ser um excelente mecanismo de divulgação cultural e uma das marcas indeléveis da identidade de um povo.

Não podemos deixar de aproveitar este momento de euforia para escrever sobre a grande festa que toma conta do país do futebol. Estive na praia e solidarizei-me às milhares de pessoas que estavam na orla da cidade, embriagadas com a vitória da seleção canarinho. Acostei-me aos gritos de “É campeão!” e por um momento esqueci que amanhã é segunda-feira. Na volta para casa fui abordado por um garoto, no máximo 10 anos de idade, que me perguntou com uma voz tímida e precedida do pedido de esmola. “Ei, o Brasil ganhou um jogo, foi?”.

Realmente, este domingo poderia ter sido diferente.

Ficha Suja

Ficha suja

Do reitor, do prefeito, do secretário

Ficha suja

Aos montes no poder



Ficha suja,

Hoje limpa, esperando na fila

Para poder gozar dessa prerrogativa



Aclamados pelas urnas imundas

Ficha suja escárnio vitorioso

Escarram poder, recorrem aos plantões

Da justiça



Prova inconteste

Da fábula eleitoral

Do poder que não emana do povo

Dos corruptos construtores da sociedade

Suja



Ficha suja, compra tudo

No atacado e no varejo

Limpa todas as notas

Dó, ré, mi, fá, sol

Lá em casa, tijolo

No carro, gasolina

No emprego, consciências

Na coluna do jornal, elogios



Cargos, comissões, pressões, coação, poder



Ficha suja é status

Delinquência e verdade

Ficha suja num país imundo

É qualidade, adjetivo da obviedade

Menos no sítio do Seu Raimundo

Entranhas

Não quero me sentir anestesiado

Pelos cânticos, pelos florais

Pela palavra terapêutica



Não quero gotas de orvalho

Para aplacar minha indignação



Quero vozes ativas

Ver o suor dos corpos

Agitando esse silêncio ímpio



Quero poder contagiar

Contaminar meio mundo

Com o vírus da indignação



Em todas as paragens

Todas as pastagens

Todo gado marcado

Vítimas da sublevação



Todo povo longe

Dos templos corroídos



Que essa força essa estranha

Reverbere mundo afora

E consuma todas as entranhas

4.7.10

Paixão orgânica

Quantos pés maduros irão florir esta manhã?

Maduros corações amadurecendo em meio

Ao turbilhão



Corações verdes, amantes patentes

Batentes que ameaçam jorrar

O néctar incansável que teima

Em brotar



Terra profícua de desejos

Semeando plantações inteiras

Despojando arte, amor, alimento



Quem dera poder brotar

Sem os borrifos nefastos

Sem os tóxicos artificiais



Quem dera poder viver

Um grande amor

Sem agrotóxicos



Café da manhã

Com beijinho orgânico

Risadas diuturnas

Sem conservantes

Sexo sem látex

Feridas fechadas

Salivas alcalinas

pH estável

Sugar leite materno

Sem soja transgênica



Quem dera poder amar

Sem estabilizantes

Sem umectantes

Sem corantes

artificiais

3.7.10

Pretérito e Futuro

Chorinho que rega emoções

Mal consigo te ouvir

Envolvido que estás,

num recanto de proteção



Como é teu rostinho, teu soluço,

Teu carinho?



Que vontade de poder te acolher

Lançar um beijo que atravesse todo o horizonte,

Fazer um denguinho

Fazer um beicinho

Cantar as canções que fiz pra ninar



Com que perna chutarás a bola?

Com que mão escreverás poemas?

Que livros formarão teu caráter?

Quantas notas terão teu refrão?

E teu olhar crítico, será apurado?



Quantos beijos sublimes,

Quantas palavras de amor

Regarão teu crescer?



Teu cheirinho de bebê,

Tua puberdade,

Os primeiros amores

Passos largos, um homem



Quantas vezes sairemos

De mãos dadas, abraçados,

Conversando sobre a vida?



Quantos sonhos,

Quantos choros,

Quantos desejos,

Em comum



Beijo bebê,

Flores plantadas no pretérito

Germinarão em campos futuros

Insculpirão imagens eternas

22.6.10

Aqui jaz

Uma história inteira construída a duras penas

Escapuliu por aí

Saltou barrancos

Saiu correndo

Nem deu sinal de vida



Morreu atropelada na primeira esquina

Marcou profundamente a sanha

De uma geração inteira



O sangue corrediço

Cravou a horda por inteiro

Pintou a face de qualquer cor

Insalubre



Desmistificou o caráter

Abriu crateras

Afundou navios



Corro demais a procura

De um cadáver insepulcro

De uma esmola derradeira

De uma luz artificial



Escrito em letras graúdas

Segue em coro o epitáfio:

Aqui jaz (um)a história

13.6.10

Sobre a Copa de 2010

O cineasta italiano Pasolini dividia o futebol em prosa e poesia, tendo como referëncia a final da Copa do México em 1970. Evidentemente que a seleção canarinho, com Pelé, Tostão, Rivelino, representava a poesia do futebol e aquele jogo burocrático europeu, a prosa. Infelizmente, em 1970, o país do futebol vivia sob a batuta de milicos burocratas, assassinos do povo brasileiro e que souberam utilizar o resultado da Copa do Mundo como propaganda ideológica em favor regime ditatorial. No jogo contra o Brasil os presos políticos da época chegaram a torcer pela Tchecoslováquia, representante do bloco comunista que tanto assustava a direita reacionária da América Latina. Euforia política, e com um tom exagerado, encerrada até o instante que Pelé, magistralmente, chutou do meio do campo tentando pegar de surpresa o goleiro do país comunista – lance antológico não convertido em gol.


Desde 1990 que o maior evento futebolístico se resume a prosa. Jogos enfadonhos, poucas revelações, poucos gols, poucas jogadas magistrais. Evidentemente que não somos saudosistas daquele 10 a 1 que a Hungria emplacou em El Salvador em 1982, que gerou protesto do time salvadorenho colocando a goleada como atitude antiesportiva da equipe húngara! Ou na mesma Copa aquele jogo entre Alemanha e Áustria no qual as duas equipes, já sabendo dos resultados anteriores do grupo, combinaram o placar para que pudessem se classificar para a segunda fase – face horrenda de uma Copa com problemas de organização.

A Copa de 2010 começa com a mesma prosa que marcou os últimos eventos. Quem teve a terrível sensação de assistir França e Suíça (0x0) em 2006 e ver o time francês chegar a final do certame e agora perder seu tempo, como eu perdi, assistindo França e Uruguai (0x0), pode perceber que a promessa de uma Copa do Mundo diferenciada, por ser, pela primeira vez, em Continente Africano, caiu por terra. A média de gols dos primeiros jogos é muito baixa, o nível técnico de algumas equipes é lastimável e as grandes promessas parecem ter deixado de lado a poesia futebolística – e ainda corremos o risco de times medíocres com o da França, mas com um futebol de resultado, possam chegar ä final.

Resta-nos assistir aos programas sobre o futebol tão comuns nesta época. Entre um jogo e outro, antes de cair no sono, recomendo mudar o canal e procurar excelentes documentários como um que passou na TV SESC (Futebol e Arte) durante o enfadonho Sérvia e Gana. Quando terminou o primeiro tempo corri para preencher na minha tabela aquele 0x0 parcial, ato falho, pois ainda transcorreria o segundo momento do jogo, que para mim não representava mais nada.

No referido documentário temos um dos convidados falando sobre a opinião de Bertold Brecht sobre o espetáculo futebolístico e sua relação com o teatro. Brecht desejava uma apresentação teatral com o público gritando, xingando, opinando, da mesma forma que os torcedores se comportam nos estádios. Ah, que cena fantástica a população nas câmaras de vereadores ou nas assembléias legislativas gerando atos de manifestação irada, diferente do torpor típico desses espaços.

Na verdade a história tem mostrado que a direita e os setores reacionários tem se privilegiado dos espetáculos esportivos, vide as Copas de 1970 e 1978, bem como a Olimpíada comandada por Hitler. No nosso pequeno-vasto mundo os noticiários de TV e os tablóides dão ênfase ao espetáculo em detrimento aos acontecimentos políticos que circulam no país e no mundo. Vários órgãos públicos em greve, parlamentares em “recesso branco” (quem quiser que acredite), fantasmas no Senado são esquecidos durante quase um mês. Em contrapartida a propagando ideológica segue se aproveitando do evento. Não deixam escapar que a Coréia do Norte é esquisita, é um país fechado que nada por lá presta e que são... comunistas (ainda bem que já não comem criancinhas). Até pensei em ir ao primeiro jogo do Brasil com uma camisa vermelha, provocativa, mas tenho certeza que eu não seria compreendido pelos meus alunos e os doutos professores, lembrando que a partida é em plena terça-feira, precedida por uma reunião departamental e logo em seguida, no período noturno, aula normal.

P.S. Enfim tive que corrigir a minha tabela da Copa, Gana marcou 1x0 na Sérvia gol de... pênalti – e tome prosa!

segue tempo...

Uma lágrima qualquer derramada todo instante

Um suspiro, um sussurro

Um achaque persistente



Fruto do ato contínuo

Do olhar repentino

Da janela que não abre



Esmurro portas,

Corro dos sortilégios

Evito passar por escadas

Sufoco minhas veleidades



Nada restou no HD formatado

Vítima de ataques contínuos

Nada restou neste meio ano

Apenas destroços a colar



O tempo frágil segue galopante

Correndo feito um louco

Cheio de sandices

Homens tortos, recheiam os pratos

Que ficam sujos, cheios de imundices



Segue tempo, mostra a verdade

Para construir ações coerentes,

Persistentes e determinadas

Segue tempo, dita hora

Segue tempo, não mata a história

uma carta

Campina Grande 1 de maio de 2010.

Caro professor Lauro, me chamo (identidade preservada)*, fui aluno a Universidade Federal de Campina Grande e conheço muito bem as “sistemáticas” do poder nesta instituição. Hoje estudo na Universidade Estadual da Paraíba, (...), e atualmente ocupo a presidência do Centro Acadêmico *.

Venho por meio desta me solidarizar com o companheiro, que estar sendo perseguido por ousar ter coragem e se contrapor a camarilha insidiosa que se arraiga cada vez mais no que ainda conseguimos manter como público.

Professor, estou muito feliz com o ressurgimento da ADUFCG como ferramenta de luta, (...). Aqui se manifesta um companheiro de idéias e de batalhas por uma sociedade emancipada, justa e livre.

Em tempo, encaminho a sugestão para homenagearmos o professor Wagner Batista Braga, um dos ícones da luta docente em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade.

Sempre a disposição...

(*) Vivemos num regime de exceção, caracterizado por perseguições, assédio moral, mordaças de todo tipo, por isso optamos por preservar a identidade do companheiro.

21.5.10

Fracasso

É sempre bom ter uma relação íntima e contínua com o fracasso. Garante forças para enfrentar novos desafios.

18.5.10

Desfecho

D             E             Z             F             E             C             H             O             S

N          O           V           E           F           E           C           H           O           S

O          I          T          O          F           E          C          H          O          S

S          E          T         E         F         E          C         H         O         S

S        E         I        S        F         E          C         H         O        S

C      I      N      C      O      F       E      C      H      O      S

Q    U    A    T    R    O    F     E     C    H     O    S

T    R    Ê    S    F    E    C    H    O    S

D   O   I   S   F   E   C   H   O   S

U  M  F  E  C  H  O

DESFECHO

15.5.10

Vidas Secas na UFCG

Fui procurado pelos prestadores de serviço que trabalham na CES/UFCG/Campus de Cuité/PB, que tinham contrato de trabalho com a empresa SUPREMA e estes me relataram o seguinte:

a) que a empresa SUPREMA encerrou suas atividades com a UFCG;
b) que todos foram convocados para o auditório do CES/UFCG para assinar a rescisão contratal e o recebimento dos salários devidos, obrigações trabalhistas e a multa rescisória dos 40%;
c) que solicitaram a presença do Diretor do CES e do Prefeito Uiniversitário no auditório para acompanhar o procedimento e os mesmos não compareceram;
d) que foram formadas duas filas, na primeira fila eles assinaram um documento com os valores devidos, com a assinatura da empresa e do sindicato (que segundo eles está atrelado aos interesses patronais);
e) após a assinatura do documento se dirigiram a outra fila e recebiam, em separado, o dinheiro devido;
f) perceberam que o montante recebido era inferior ao valor constante no documento que assinaram;
g) que os responsáveis da empresa SUPREMA disseram que o valor era aquele mesmo e caso eles desejassem ser contratados futuramente pela próxima empresa (há rumores que pertence a parentes da SUPREMA) deveriam aceitar sem reclamações;
h) que foram coagidos a aceitar o valor inferior ao documento assinado;
i) como exemplo um funcionário afirmou ter assinado que receberia o valor de R$ 1.700,00 e que recebeu pouco mais de R$ 900,00;
j) que ainda sobre os valores recebidos a empresa ficou devendo parte destes (já "descontados" indevidamente), tendo os funcionários elaborado uma lista manuscrita com mais de 30 nomes e com valores que variam de R$ 559,00 a R$ 13,00 (estou de posse desta lista);
k) que a empresa SUPREMA tem dívidas anteriores e deixou de cumprir com seus compromissos ao longo do contrato, possuindo dívidas com muitos funcionários;

Solicitamos às autoridades competentes que apurem as gravíssimas denúncias,

Lauro Pires Xavier Neto
Professor da UFCG, Campus de Cuité
SIAPE 1439971

Dados da Empresa:
SUPREMA EMPREENDIMENTOS LTDA
CNPJ 08.243.787/0001-24
AV. PIAUI, 422 BAIRRO DOS ESTADOS
58091-200

Empresa atual:
GRUPO ALERTA SERVIÇOS
RUA AGAMENON MAGALHÃES, 17 - CENTRO
CAMPINA GRANDE-PB
CNPJ 04.427.309/0001-13

SINTEG (Sindicato da categoria)
No dia de acertar contas com o patrão, Fabiano “olhou as cédulas arrumadas na palma, os níqueis, as pratas, suspirou... Não tinha o direito de protestar. Baixava a crista. Se não baixasse, desocuparia a terra, largar-se-ia com a mulher, os filhos pequenos e os cacarecos. Para onde? ...Se pudesse mudar-se, gritava bem alto que o roubavam...Conformava-se, não pretendia mais nada.” Graciliano Ramos (Vidas Secas)

14.5.10

Acabei

Desejei ser revolucionário
Acabei farsante

Tentei ser popular
Acabei canalha

Supliquei pela crítica
Esqueci a autocrítica

Lutei pelas minorias
Acabei sufocado

Tropecei em meus ideais
Cai com a testa

Fui vítima e algoz
Do que combati

E agora me resta a derradeira palavra
O sono resoluto

O desejo desfeito
A palavra sussurrada

O peito aberto
A flâmula resguardada

O labirinto como esconderijo
E o soluço incontido

9.5.10

Dia de Reis

Meu coração recolhido
É fruto de um reunião
Entre o sentimento e o cerebelo
Numa deliberação tautológica
Que o deixou tolhido

Abismados, pelo, cabelo
Não aceitam tal profícuo debate
Questionam peremptoriamente
Quem de fato venceu esse combate

O ventre-livre se meteu na história
Disse que tudo deveria passar
Primeiro por ele,
Evidentemente

Não houve espaço para bílis
Refluxo, estômago ou duodeno
E neste jogo de disputa
Todos olharam para a íris

Sentimento e Coração
Aguardam propostas imediatas
De revogação

Pensam em projetos, leis
Para poder amar
Sem precisa dançar o reisado
Na véspera do dia de Reis

6.5.10

Cantilena I e II (ou Quadrilha, de Drummond)

Ricardo que é aliado de Cássio, que foi aliado de Maranhão, que é adversário de Cícero, que foi preso pela Confraria, que foi benzido por Aldo, que é aliado de Efraim, que foi PFL & Arena, que já torturou o povo brasileiro, que não aguenta mais este fim.


Ou

Ricardo que foi aliado de Maranhão, que foi aliado de Cássio, que colocou Cícero na vice de Ronaldo, que atirou em Burity, que foi biônico na Paraíba, que foi aliado da ditadura, que foi aliada do PFL, que é o partido de Efraim, que vilipendia o povo brasileiro, que não aguenta mais este fim.

3.5.10

la solitudine (Rio de Ondas, Barreiras/BA)


"La solitudine fra noi questo silenzio dentro me
è l'inquietudine di vivere la vita senza te
Ti prego aspettami perché
Non posso stare senza te
Non è possibile dividere la storia di noi due
La solitudine..."

29.4.10

Fundo do Baú, eleições de 2002

Audiência Pública em Brasília/DF - PEC 555/06

Audiência Pública sobre a PEC 555/06 relativa à extinção da contribuição previdenciária para "inativos" e pensionistas aconteceu na quarta-feira 28 de abril, no Plenário 11 da Câmara Federal - detalhe para o pronunciamento do Deputado Ivan Valente/PSOL, que juntamente com Chico Alencar/PSOL defenderam a PEC, mantendo a coerência no discurso.

O Deputado Federal Ivan Valente salientou o trabalho da CPI da Dívida Pública mostrando que o grande vilão das contas públicas não é a previdência e sim o pagamento da dívida. O Deputado socialista distribuiu o Boletim da “Auditoria Cidadã”, mostrando, entre outras coisas, que o Orçamento Geral da União de 2009 (gráfico abaixo) repassou 35,57% dos recursos arrecadados para o pagamento de juros e amortizações da dívida.

O Deputado Chico Alencar (PSOL) fez seu discurso na mesma linha que o companheiro de bancada e afirmou que quem deve arcar com o pagamento da previdência social é o Estado e não as pessoas que passaram a vida toda trabalhando e contribuindo compulsoriamente. O discurso de Chico Alencar teve a intenção de se contrapor às idéias do vice-presidente da ABIPEM (Associação Brasileira dos Institutos de Previdência Estaduais e Municipais) que defendeu que o pagamento do retroativo (caso a PEC seja aprovada) e demais despesas previdenciárias sejam captadas pelos ativos, através de um aumento na contribuição.

Os Deputados do PSOL frisaram que durante décadas os recursos da Previdência foram utilizados para outros fins, inclusive para a construção de Brasília e para a Transamazônica entre outras obras. O discurso dos deputados, e dos auditores presentes, apontou que muitos e estados e municípios apresentaram problemas fiscais nos regimes de Previdência deixando claro que muitos recursos foram usurpados do erário público por políticos de práticas questionáveis.

Discurso do Deputado Ivan Valente/PSOL sobre a PEC 555/06

Atividades em Brasília (28 de abril)

Audiência Pública sobre a PEC 555/06 sobre a extinção da contribuição previdenciária para "inativos" e pensionistas - detalhe para o pronunciamento do Deputado Ivan Valente/PSOL, que juntamente com Chico Alencar/PSOL defenderam a PEC, mantendo a coerência no discurso.

28.4.10

CPI da Dívida - reunião das entidades

Atividades em Brasília II (Relato da CPI da Dívida)

BOLETIM Nº 26 DA CPI DA DÍVIDA

APRESENTADO O RELATÓRIO FINAL DA CPI

Entidades lutam e conseguem a marcação de reunião com relator e demais deputados da CPI, para discutiro Relatório

Boletim elaborado pela Auditoria Cidadã da Dívida – www.divida-auditoriacidada.org.br

Brasília,27 de abril de 2010

Hoje, às 14:30h foi realizada a reunião de apresentação do Relatório Final da CPI da Dívida, pelo Relator, Deputado Pedro Novais (PMDB/MA). Os deputados pediram vista, ou seja, tempo para analisar o Relatório, fazendo com que o mesmo somente possa ser votado na semana que vem.
 
Importantes entidades estiveram presentes, como
ANDES/SN – Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Benedito Filho, Lauro Xavier), a UMNA - Unidade Mobilização Nacional pela Anistia (Jacques Dornellas), FEBRAFITE – Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (João Pedro Casarotto), OAB – Ordem dos Advogadosdo Brasil (Régia Brasil), ANFIP – Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (José Avelino), Pastorais Sociais/CNBB – ConferênciaNacional dos Bispos do Brasil (Magnólia Rodrigues, Delci Franzen), ASSTTRA-MP -Associação dos Servidores Técnicos em Transporte e Segurança do MinistérioPúblico da União (Laércio Reis), SINASEMPU-DF - Sindicato Nacional dosServidores do Ministério Público da União (Cristine Maia), CONIC - Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (GabrieleCipriani), SINASEFE – Sindicato Nacional dos Servidores Federais da EducaçãoBásica, Profissional e Tecnológica (Ricardo Ferreira), CONLUTAS – Coordenação Nacional de Lutas (Luiz Carlos Prates), ASMPF - Associação dos Servidores doMinistério Público Federal (Marcos Ronaldo), Auditoria Cidadã da Dívida (MariaLucia Fattorelli, Rodrigo Ávila), Daniel Bin, David Wilkerson (UnB).

O Áudio e o vídeo dareunião estão disponíveis na página http://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-temporarias/parlamentar-de-inquerito/cpidivi

Entidades lutam e conseguem a marcação de reunião com Relator e demais deputados da CPI

Conforme informado no Boletim anterior (nº 25) , as entidades entregaram ao Presidente da CPI, Deputado Virgílio Guimarães (PT/MG), Carta solicitando reunião com o Relator da CPI, Deputado Pedro Novais (PMDB/MA), e demais deputados da CPI, para discutir o Relatório Final.

Durante amanhã, as entidades percorreram os gabinetes dos deputados da CPI para solicitar apoio para a realização desta reunião. Na sessão da CPI, novamente as entidades compareceram em peso. Como resultado, vários deputados defenderam a realização desta reunião, dentre eles Ivan Valente (PSOL/SP), Paulo RubemSantiago (PDT/PE), Hugo Leal (PSC/RJ), Jô Morais (PC do B/MG) e o próprio Presidente da CPI, Virgílio Guimarães (PT/MG).

Apesar da resistência do Relator à realização da reunião – alegando que ela não estarianos termos do Regimento Interno da Câmara – a pressão dos deputados e das entidades surtiu efeito. A reunião foi marcada para terça feira, 4 de maio, às10h, no Plenário 4 do Corredor das Comissões.

Após asessão da CPI, as entidades se reuniram para definir a estratégia para esta reunião. Cada entidade deve enviar para o e-mail auditoriacidada@terra.com.brum resumo de sua apresentação até segunda feira, dia 3/5, para que possa ser melhor organizada a intervenção das entidades.

A versão integral do Relatório Final está disponível na página da Câmara dos Deputados, no endereço http://www.camara.gov.br/sileg/MostrarIntegra.asp?CodTeor=759543 .

O Relatório possui muitas deficiências, não apontando ilegalidades na dívida, e rejeitando a idéia de uma auditoria.

Atividades em Brasília



Terça-feira de muito trabalho na Comissão Nacional de Mobilização do ANDES-SN. Estivemos pela manhã no gabinete de todos os deputados federais que participam da CPI da Dívida para entregar uma carta solicitando uma reunião com várias entidades da sociedade civil para debater o relatório final da CPI. A tarde estivemos na plenária da CPI, que terminou com o agendamento da reunião com as entidades para terça-feira.

Livro em Brasília

Encontrei um dos livros que organizei em uma livraria em Brasília/DF. Tratei de colocá-lo ao lado de Paulo Freire, ficou do tamanho de nada!

Manifestações em Brasília - abril de 2010




imagens de Brasília




21.4.10

Cabo Branco

No Cabo Branco não há dialética
Não há razão aristotélica
O banho é sempre com a mesma água

Por vezes turva, por vezes turquesa

No Cabo Branco deitei, chorei e amei
Lugar de refúgio imortal,
De todos os meus casamentos
De todas as minhas separações

Muito do seu mar salgado
É composto de minhas lágrimas
Do suor e do sentimento afogado

No Cabo Branco já pensei na vida
Na morte e em todos aqueles
que um dia se foram

No Cabo Branco li poemas de Neruda
Degustei vinhos baratos
Comemorei com os amigos
Fiz luaus até o amanhecer

Mergulho profundo em suas areias
Tão brancas, de paz eterna
Mergulho nos sonhos, procuro sereias

Imagino ser sepultado nesta praia
Coberto de algas, embebido de sal
Jogado ao mar e acorrentado
Para sempre na sua limítrofe raia

20.4.10

Relato evento sobre Carreira Docente

No dia 08 de abril aconteceu no Teatro Municipal de Cuité/PB, o I Evento sobre os Planos de Cargos, Carreira e Remuneração do Curimataú Paraibano. Organizado pela ADUFCG e contando com o apoio e colaboração do SINTEP/PB, SINPUC e Associação dos Professores de Cuité, o evento aglutinou estudantes dos cursos de Licenciatura da UFCG e professores da rede pública.

Os trabalhos foram abertos com a exibição de um documentário sobre o FUNDEB, mostrando a luta da sociedade civil organizada para a aprovação do Fundo da Educação Básica. A palestra de abertura foi proferida pela professor Amauri Fragoso, tratando de maneira mais ampla sobre a conjuntura política atual e aprofundando os conceitos sobre Carreira Docente, a partir dos debates travados no GT Carreira do ANDES/SN. O professor Sizenando Leal, representando o SINTEP/PB, explanou sobre a luta recente dos professores da rede pública estadual, especificamente sobre o movimento grevista que reinvindicava, entre outras coisas, a implantação do piso salarial. Terminando os trabalhos da tarde o professor Sebastião, do Sindicato do Curimataú Paraibano (SINPUC), falou sobre as dificuldades de organização dos sindicatos na região devido às práticas “neocoronelistas” ainda em voga no interior do nordeste.

A noite o debate prosseguiu com a palestra do professor Lauro Xavier sobre as Diretrizes dos Planos de Carreira, enfocando a necessidade da valorização docente, as perspectivas de implantação da Dedicação Exclusiva na Educação Básica e a necessidade da gestão democrática na construção dos novos planos de carreira. O Vereador da cidade de Picuí/PB, Olivânio Dantas, relatou a luta dos professores da região em favor de um Plano de Carreira digno e que atendesse aos anseio dos docentes, apontando uma série de dificuldades na concretização dos projetos de lei nas câmaras municipais, entre eles a grande parte dos vereadores atrelado ao poder local e a fragilidade de organização da sociedade civil. Encerrando a noite, a presidenta da Associação dos Professores de Cuité/PB, professora Marizélia, denunciou a falta de diálogo com os professores na construção do “novo” Plano de Carreira por parte do executivo e legislativo municipal e com aprovação da Lei no dia 31 de dezembro de 2009, com todos os professores em recesso – o que trouxe uma série de prejuízos para a categoria.

15.4.10

Fornicação Literária

Nunca fui fiel aos livros
Sempre me deito com dois, três ao mesmo tempo
Corriqueiramente lambo-os, jorro o calor pueril sobre as folhas
Grudadas ficam
Esfrego todo meu tesão
Beijo, amasso, releio
Hoje pela manhã é um
À tarde estou com outro
Resplandeço com o terceiro
E assim vou me tornando mais humano
Em meio a tanta fornicação literária

14.4.10

“Calei e escrevi. Isso em reverência pela coincidência”

Acordei da hibernação para lembrar Maiakóvski. Dia 14 de abril de 1930, aos 37 anos, o jovem escritor cometeu suicídio. Em 1981, durante um debate sobre a peça “O Percevejo”, Luis Carlos Prestes tentou minimizar o ocorrido afirmando que tratou-se de um problema pessoal e íntimo. Talvez hoje seja mais difícil, do que em 1930, de perceber que pessoas engajadas politicamente não conseguem suportar o consumo exacerbado, o fetiche da mercadoria e todo tipo de lixo produzido por esse capitalismo devastador. Humanos viraram objeto, a saúde e a educação moeda de troca e a violência simbólica passeia tranquilamente sobre nossas cabeças através da imposição cultural.

Tive a sorte de conhecer Maiakóvski através de uma professora da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), durante a minha passagem por Pau dos Ferros/RN. No meio daquelas intermináveis e massacrantes reuniões departamentais, Valdilene soltava sua voz altiva e declamava Maiakóvski com o fervor patente típico daqueles que ainda acreditam na força descomunal de um poema.

Hoje, sabendo da sua morte há oitenta anos, resolvi ler o grande poeta russo. Nas livrarias encontrei apenas “O Percevejo”, considerada uma obra-prima do autor. Certamente as críticas à Nova Política Econômica (NEP) implantada na então União Soviética carecem de análise mais profunda, mas o “O Percevejo” consegue apontar o quanto uma ação econômica pode condicionar a formação humana de um indivíduo. Em tempo de avanço neoliberal e dos projetos individuais o teatro de Maiakóvski permanece atual, pena que pouco acessível ao grande público – interessado, deliberadamente, por uma cultura imposta pela classe dominante.

Perdoe-me Prestes, mas tenho clareza que realmente é insuportável verificar que os valores construídos por um sonho de uma sociedade mais humana e menos consumista sejam dilacerados por ações pequeno-burguesas, mesmo que alguns achem esses termos anacrônicos. Maiakóvski teve razão.

12.3.10

Ei Camarada,
não deu prá ir à reunião do Partido
Outros partidos careciam de remendos

Ei Camarada,
Desculpe-me a idiossincrasia
Mas o meu governo foi à bancarrota
Nesta tarde não dava prá estudar Lênin, Marx ou Mao
Pois lá em casa estava tudo tão mal

Ei Camarada,
Prometo largar as cervas pretas
E voltar ativo e forte às mesas intelectuais
Sei que nada justifica minha ausência
Mas, parafraseando o Comandante
(Correndo o risco extremo de ser piegas)
Um dito revolucionário também pode ser vítima
De um sentimento inexorável de amor

Para Gê

Prezado Gê,
Durante muito tempo não te compreendi
Prestes a ignorar tua atitude
Mas não àquela relativa à perseguição política – imperdoável
Ou aos desmandos coronelistas

Teu jardim sem begônias, orquídeas ou olgas
Foi escolha política que não concordo
Trato mesmo da postura pessoal
Do ato infame
Do ilícito em ceifar aorta e miocárdio

Gê, hoje consigo distinguir desespero
E desejo contínuo
Afirmação peremptória,
Apenas para ficar na história

28.2.10

sobre o 29o Congresso do ANDES/SN

O 29º Congresso do ANDES-SN marcou minha volta aos grandes debates do Sindicato dos Docentes das Instituições de Ensino Superior. Em 2003 participei, pela primeira e única vez, do Congresso de Teresina-PI, num momento conjuntural bem mais tenso que o atual, refletido pela vitória de Lula nas eleições presidenciais de 2002. Naquela época, as discussões estavam centradas na perspectiva, já superada, de disputar o governo por dentro o que gerou grandes divergências no interior do sindicato e polarizou o debate na capital do Piauí. Para mim, neófito nos congressos do ANDES-SN, foi uma excelente experiência, porém com um ar desconcertante de não poder contribuir amplamente com a discussão.

Rompida a atmosfera impactante do primeiro evento, me senti mais a vontade em participar das discussões do 29º Congresso, que avalio como bem mais “tranqüilo” que o de Teresina. A grande preocupação pairava sobre a necessidade de participação mais ativa da “base” de docentes nas discussões centrais do sindicato, certamente prejudicada pelo surgimento de outro sindicato, pelego e governista, que teima em confundir os docentes e retirar a força histórica de luta do ANDES-SN.
Chama a atenção a força política do Caderno de Textos, com contribuições essenciais para a articulação do ANDES-SN com os Movimentos Sociais, Movimentos Estudantis e Movimentos de Base, compreendendo a ação sindical, não como algo isolado, mas com uma presença ativa nos projetos mais amplos de transformação social.

É preciso neste momento que as teses do Congresso não se percam com o tempo, necessário aglutinar esforços para que possamos transformar em ações concretas as deliberações do 29º Congresso, especialmente nas discussões sobre a mercantilização da educação, cotas nas universidades, combate as fundações ditas de apoio, precarização do trabalho docente, fim da Dedicação Exclusiva – estes temas centrais – mas também enfrentamentos mais amplos como o investimento público em megaeventos (leia-se Copa do Mundo e Olimpíadas), políticas públicas de saúde, questões de gênero, classe e etnia etc.

22.2.10

Vicissitudes

Amanheço com o desejo de adormecer
Energia pura, segue o caminho viático
Tenho respostas, transformo em perguntas
Defino as indefinições prementes
Entro e saio com toda eloquência
Choro, rio, seco, alago
Palavras silenciosas
Risadas tristonhas
Cadáveres viventes
Desejo peremptório, reprimido
Idas, vindas, faz e desfaz a mala
Mar negro, vitiligem
Sigo em frente, de repente, marcha ré
Decido, recuo
Vicissitudes da vida, não viva

Revés

Você jocosa
Libera meu sorriso

Você junina
Brinca o São João

Você de sombrinha
Abre alas que eu quero passar

Você de banzo
Lembranças do passado

Você de mundêcia
Permite minha língua no teu corpo

Você incólume
Habeas corpus

Eu tristonho
finados,
capa-preta,
futuro,
imundo,
revel,

todo esse revés me torna sandeu

vai

Vai caminha, fala tudo
Confessa que esta manhã não adormeceu
Diz para mim que estás curado
Que já consegues enfrentar
Essa gente mal formada
Diz para mim que teu caráter
Continua altivo, atento e forte
Que não serás mais um que se vendeu
Não queiras o preço da morte
Nem dará esmolas para aplacar tua consciência

Vai diz para mim
Que teu nome ainda soa forte
Que ainda acreditas nas velhas utopias
O escorregar inconsciente foi a fraqueza
De apenas desejar continuar a ser feliz

Vai diz para mim
Que suportarás essa dor
De perder, de deixar, de abandonar
Esse vazio

Por que essa dúvida?
Por que esse desconsolo?
Se tu sabias que não irias transformar nada
No máximo será possível assistir o germe rebentar
Não há fracasso nisso

Engole tua vaidade, teu egoísmo
Libera endorfina e segue tua vida
Não se deixe adoecer nesse mórbido horizonte
Supera essa noite mais
Esquece esse medo de perder
Esquece o dia do entardecer

11.2.10

Sábado

Sábado se aproxima
Descendo as ladeiras, vem com toda força lá de cima

Sábado é unânime
Não esconde o quanto sou pusilânime

Sábado grita
Desejo patente contrita

Sábado não esmorece
Vigília diuturna que não padece

Sábado não mente
Teimosamente aparece em minha frente

Sábado de carnaval
Para o bem, para o mal

Sábado, sábado
Depois o domingo, vem bem-amado

10.2.10

súplica

Teus olhos falam mais que tua boca
Teu corpo, impactado, recebe minhas notícias
Descobre-me imperfeito, real, e duro como uma broca
Teu corpo recua, me policia

És humano, é a grande descoberta
Não é um sonho que simplesmente rebenta
És forma, cor, luz, ilusão
Ser humano por completo, sem inclusão

Teus olhos castanhos mudam de cor
Tua altura varia, por pura emoção
Minha camisa desbotada, transpira qualquer odor
Cheiro intenso, ocre, de comoção

Teu corpo carrega pedras
Transborda dúvida, te escrevo letras
Para alentar o vazio da inspiração
Teus beijos falam, imploram pela transposição

É uma batalha sem fim que gera catatonia
Afoga sentimentos, agonia
São manhãs infindáveis, respostas que não chegam
Escritos que não tardam

A felicidade é só um degrau
Neste lance infinito de subidas e descidas
E a súplica verdadeira – afasta de mim todo mal
Cura, fecha, adormece todas as feridas

Salva a nossa teimosia Máuri de Carvalho!


Produção Textual 1994 (disciplina de Português - UFPB)

6.2.10

Lançamento da candidatura de Marina Barbosa ao ANDES-SN

Fevereiro

Fevereiro, sem eiro nem beiro
Mês que você escreveu poemeiros
Mês do choreiro
Do açougueiro
Mês de pagar iptueiro
Nessa cidade cheia de bueiros

Fevereiro, carnavaleiros
Invadem os canavieiros
Entopem os ladeiros
Encharcam o látex
De espermeiros

Fevereiro, mês dos apaixoneiros
Da nova vida, dos bonequeiros
Meseiro de vinte e oiteiro
Sem eiro, nem beiro

Fevereiro, chama o roupeiro
Arruma o caseiro,
Deixa-me em pazeiro

Fevereiro, faz o listeiro
Dos vindouros sonheiros

Fevereiro, eiro

24.1.10

Passado

Sou preto e branco, sou sépia
Sou molduras barrocas, mofadas pelo tempo
Sequioso por amar o futuro
Preso à história
Voz entupida, corrompida,
Voz de prisão de ventre
Pulmões fragilizados pelo silêncio
Sou estrada passada, pretérito
Sou o outro em mim mesmo
Sequioso por encontrar felicidade

Resposta a cães covardes - do amigo Franscidavid Belmino

"Se nestes animais não há tamanha covardia
Chama-os de seres funestos, covardes, Desleais e traiçoeiros
Por que chamas de cães covardes?
Essas criaturas nefandas em suas ações
Desprezível, abjeto, infame, torpe, vil e mísero
Em busca de justiça injusta para encobrir sua podridão
Perseguidores da honradez e probidade
Humanos covardes, sim!!!
Sua inteligência está para a corrupção
Amigos por venalidade, vendidos e comprados
Falta decoro e decência a esses dejetos da maldade!!!
Abutres limpam a natureza, eles a sujam
Dos abutres eles fogem por causa de sua carniça
E da podridão de seus atos
Há animais covardes ... !!!
Sim, mantedores da alienação
Do corrupto e da opressão.
Covardes por fraqueza e
Maléficos por convicção
“Courage” camarada na luta pela transformação
Pobres cães por mais terríveis que sejam

Jamais serão tão funestos como eles são."

Franscidavid Belmino

Estranho

Não é estranho amor descolorido
Receitas de bolo sem açúcar?
Não é estranho estar só, cercado por uma multidão?
Não é estranho a solidão lutar contra a coerência numa batalha ferrenha,
Sem vencedor, nem vencido?
Não é estranho o amor querer perdurar
Num desejo infinito, apenas para a historia constar?
Não é estranho sentir saudade do futuro,
Imaginar sentimentos que virão?
Não é estranho sentir tua falta, sentir a falta do prédio, dos desejos
Que não existem mais?
Não é estranho morrer de véspera, alagar-se no verão seco,
Criar paisagens idílicas?
Não é estranho estar preso a uma canção, um bolo de milho
E a um emprego devastador?
Não é estranho necessitar da previdência, precisar criar os filhos
Que não existem?
Estranho mesmo é estar entranhado
Neste mar hipócrita, nessa chuva rala
Neste som nefasto
Estranho mesmo é continuar vivo neste turbilhão...

Cães Covardes

(à Mészaros pelo “ódio patológico” e pela “capacidade civilizatória”; à Manoel Gomes pelos “abutres”)

Cães covardes me perseguem
Farejam meus medos
Minhas provisões
Ignoram minha história
Cães covardes tão dóceis aos pés do dono
Dentes afiados, subservientes,
Querem meu sangue
Ódio patológico da liberdade
Cães covardes sem autonomia
Sem inteligência, sem vida própria
Amigos por conveniência
Ração é o que desejam
Cães covardes espalhados aos montes
Abutres em carniça,
Vermes comedores de carne podre
Mantedores da alienação,
Da opressão e do ódio
Cães covardes,
Sua capacidade civilizatória está esgotada
Mal sabem eles que transformo perseguição
Em desejo presente de continuar lutando

23.1.10

minha mania de guardar coisas - minha agenda de 1991

20 anos sem Zé Marques - "Morre-se na luta, mas a luta não morre"



"...tínhamos professores com uma visão diferenciada da realidade social, um deles me chamou a atenção. Professor José Marques (o Preguinho), militante partidário, que se fazia presente em atos em defesa do ensino público, especialmente na campanha eleitoral de 1989. Uma outra realidade começava a se construir em minha cabeça. Nessa Escola o debate político era efervescente, vestido numa roupagem das diferentes manifestações culturais, artísticas e desportivas, inseridas numa amálgama de classes sociais heterogêneas, a partir das lutas do sindicato e do grêmio estudantil. Aquele bom menino da classe média queria agora mudar o mundo!
Mas, um fato marcante daria rumo a essa história. No final de 1990, o professor Zé Marques ao retornar de uma viagem à Juru (PB) a fim de participar de uma manifestação política de professores, teve sua vida ceifada por um acidente automobilístico. O enterro de ‘Preguinho’ foi algo que me marcou profundamente, uma longa marcha invadiu o centro da capital paraibana ao som de Vandré e não saia da minha mente o sentimento altruísta de tantos lutadores do povo, que deram a vida em nome da causa."

22.1.10

Quede

Quede Vô, Quede Vó?
Que vazio naquele quarto
Quede o cuscuz, a batata com ovo e tomate?
Não mais chokitos, beijos e carinhos,
tempo inexorável, incorruptível
Cadê vocês onde estão?
Nas minhas lágrimas, no meu corpo,
Nas minhas estruturas?
Naquele quarto, agora sem penteadeira,
sem a cama, sem o guarda-roupa
Quede eu?

29.12.09

Aqui no Amazonas nós pegamos onça na mão!!!!

A última presepada do ano!!!



Em 1992 entrei de penetra no Hotel Tambaú de Jampa (rede Tropical) para poder ver a Legião Urbana de perto. Consegui entrar como se estivesse procurando um hóspede (não antes de ser barrado). Sentamos à mesa com Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá, Serginho Serra, Tavinho Fialho e toda a banda, menos o Renato Russo que, deprê, ficou quase o tempo todo no quarto e apareceu rapidamente na sacada.
Agora no final de 2009 entrei de penetra no Tropical Hotel (Manaus) e aproveitei a piscina que tem como paisagem o Rio Negro. Desta vez foi mais fácil, entrei pelo acesso do rio, procurei a piscina, dei um mergulho e me despedi daquele paraíso!

28.12.09

que

Que a solidão que se aproxima não seja motivo para a fraqueza
Que o sentimento de fracasso não seja motivo para desejar o indesejável
Que a falta dos amigos seja um motivo para apurar o sentimento de solidariedade
Que a liberdade que a solidão impõe não seja um motivo para perder a razão
Que o ano-novo seja apenas um referencial imposto pela sociedade moderna
pelo menos nesta virada
Que eu consiga sobreviver ao volume incontrolável de sentimentos aflorados
Que a paz que eu procuro para todos seja sempre um horizonte tangível
Que eu ainda consiga revelar meus desejos para o futuro
Que a tormenta do futuro seja válvula de escape do presente
Que eu tenha um porto seguro, que os meus vivam muitos anos
Que eu possa superar os medos, os obstáculos, as lutas inglórias
Que eu não precise ser carregado para vencer esses dias
que serão longos
Que o tempo não pare, que a vida siga, que os sonhos continuem vivos
Que eu não tente descobrir meus limites
Que minhas lágrimas não sequem
Que eu possa ter outra chance,
ou ao menos possa encontrar os que já foram
Que meu grito acorde os que dormem
Que minha centralidade não se perca neste caminho
Que minha dor possa dormir sono profundo
Que minha alegria possa aplacar meus olhos tristes

fiz vários amigos no barco Belém-Manaus - este é um indiano que mora na Austrália



Encontro inusitado em Manaus/AM

Em algum lugar da Venezuela - em breve relatos




27.12.09

a última do ano ou prá não dizer que não falei das flores

Esta manhã descobri que não me mereço mais
Que os discursos plantandos ao longo do tempo
Foram varridos céu afora
Todos os meus desejos foram ceifados
Degolados por atitudes insanas
Pelo meu próprio egoísmo
Minhas fraquezas
Meus limites incontestáveis
O chão ensopado de lágrimas
Derramadas ao teu lado
E nunca percebidas
Esse ritual de passagem foi tão necessário
E tão esperado quanto a insensibilidade
De teus olhos cegos
Desprendo-me das minhas entranhas
Reviro-me ao avesso
Da lima costuro sonhos
No céu de um futuro incerto

29.11.09

A Jornada

começar uma jornada é poder compreender ainda mais quem eu sou
compreender a mim mesmo
é poder olhar o outro
poder sentir a dor do outro
sentir a felicidade do outro

poder estar desatado de todos os nós que nos rodeiam
é poder compreender o que é a vida
o amor
a rotina
a passagem

é poder se olhar face a face
se encontrar em si mesmo

é poder viver plenamente o direito de sentir
é não escamotear sentimentos
é sentir que talvez não mais voltarei
mas que também poderei voltar mais humano

seguir esta jornada é poder gritar bem alto
é deixar fluir esse sentimento que me consome
é olhar a vida com olhos verdadeiros

é quebrar os rótulos, as rotinas, os paradigmas
é sentir frio, medo, angústia
é poder dormir este sonho com gosto de quero mais

é poder compreender que esta jornada é apenas mais uma
dentre tantas jornadas que um dia terão fim
é poder entregar-me plenamente a este amor por mim mesmo
pelos outros
pela vida

é estar acordado sonhando
é poder ver o sol nascer, amando
é não compreender o incompreensível

é não sentir remorso

resta-me arriscar esta caminhada
fechar os olhos e deixar o destino me levar
e simplesmente torcer para que na volta
a cama esteja arrumada, o lençol trocado
os travesseiros a postos
e meu amor ainda esteja em mim

28.11.09

ler tem me tornado mais humano...

22.11.09

Macondo

Macondo é aqui
Macondo não é Bogotá, nem Jampa, nem Medellín

Macondo são os destroços dos sonhos construídos
Por gerações a fio

São as aberrações ordinárias por ordem de
São casas pintadas da mesma cor
Que resistem as imposições locais

Macondo foi o sonho da minha geração
Um lugar decente para plantar, sorrir, cantar

Foi uma casinha de varanda,
Com bois, vacas, galinhas
Foi a melancolia que tanto sonhei

Macondo inundou-se em promiscuidade
Em notas trocadas por sexo
Em um não fazer cotidiano

Macondo suprimiu muita gente
Arrasou desejos
Amordaçou as minorias
Sucumbiu em desatinos

Um lugar de veleidades
Quimeras inconclusas
Livros por escrever

Macondo não é um lugar mau
Tornou-se inóspito pela graça
Malfadada de seres egoístas
Ou neófitos convencidos ao acaso

Aqui já foi minha paragem
Tornou-se, agora, meu algoz
Macondo não deveria mais existir

Uma chuva de consciência
Carece destruir, com furacões ferozes,
A última saga de uma geração

E fazer rebentar outra massa
Outro pão,
Um verdadeiro alimento de libertação

13.11.09

surto de realidade

Os encontros juvenis estão tão velhos
e passados
Não encontro mais a turma nos passeios
pela cidade
Enraizado nesta urbe, me alimento
com as fotos antigas
Recomeço minha vida a cada instante

Sonhos antigos embolorados
por sujeitos cretinos
Paisagens esverdeadas, num frio
de quarenta graus

Cercado, perseguido,
Pressinto o perigo se aproximando
Nuvens escalonadas afastam o perigo

Não devo e não pago
Quem deve é quem deve
pagar

Percebo o sulco em minha alma
Desperto a meia noite
E sigo sem sentir
As manhãs com manhas
Desejos e espelhos

Todos os herois morreram em combate
Mas eles continuam vivos,
Na estante lá de casa

Absorto, torno-me uns e outros
Até o primeiro surto de realidade

1.11.09

esta noite caiu

espremi
contorci
gemi
gritei
chorei
amei
me iludi

mas, esta noite c
....................a
..................i
................u
sem ao menos um
poema

31.10.09

Anorexia Amorosa

Dia de mobilização em defesa da escola pública



"É preciso lutar todos os dias para que esse amor à humanidade se transforme em atos que sirvam de exemplo, de mobilização..." Che Guevara

Dia de Mobilização em Defesa da Escola Pública











24.10.09

Ônibus escolar

Ônibus escolar no interior da PB, sem o vidro traseiro

Festival...

A grande mídia anunciou para este fim-de-semana o "Festival de Fruticultura", uma realização da Prefeitura de Cuité/PB, com apoio do Ministério do Turismo. Dentre as atrações estão Garota Safada, Brasas do Forró e mais algumas daquelas bandas que contagiam a população com apelo barato e formam a consciência daquele cidadão amorfo - tudo isso de maneira deliberada, frente ao caos de fome e miséria que atravessamos.

No dia 23 de outubro o Jornal Correio da Paraíba publicou a ratificação e homologação do processo 051/2009 (inexibilidade de licitação 004/2009) com o objeto de contratação de empresa para realizar o referido festival. O valor? R$ 157.500,00 em favor de Sheila Ricarte Martins (Sheila Promoções e eventos), data de 16 de outubro de 2009. No dia 24 de outubro o edital é republicado por incorreção, mantém-se a empresa, porém o valor é de R$ 118.430,00 (data de 16 de outubro).
A folha de pagamento (agosto) dos 60% do FUNDEB de Cuité/PB (referente ao pagamento dos professores) foi de R$ 134.482,11.

Visitei o portal da transparência e não constatei nenhum repasse do Ministério do Turismo à Prefeitura de Cuité/PB, mas fico imaginando o apoio do MT num evento com esta proposta.

Num momento em que os prefeitos "reclamam" da queda do FPM faz sentido realizar um evento que quase se aproxima da folha de pagamento do magistério? Exatamente numa região onde o Piso Salarial dos Professores não vem sendo implantado!

Outra questão, um valor de mais de cem mil reais é interessante declarar inexibilidade de licitação?

Até quando o dinheiro público servirá para ludibriar o povo com essas bandas de forró?

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I Festival de Fruticultura 24/10/09 - Cuité/PB
Sexta 23
Garota Safada e Forrozão Tempero Completo
Sábado 24
Brasas do Forró e Banda Feras
Domingo 25
Louro Santos e Victor Santos e Forró Pegado

23.10.09

“A UFCG pede socorro. Ela virou o lugar onde a safadeza se transforma em dinheiro.”

Tribunal de Contas da União (TCU)
Processo número 013.568/2009-5
Entrada 16/06/2009
Assunto: Denúncia – possíveis irregularidades perpetradas contra o erário público
Responsável: Thompson Fernandes Mariz
Interessado: Identidade preservada

DENÚNCIA AO TCU CONTRA A UFCG

“Enriquecimento ilícito de poucos e ao desvio de R$ 1.917.501,15 de recursos públicos empreendidos pela cúpula dirigente da UFCG.”

“Há mais de 20 anos um grupo de docentes e servidores carreirista, com pouca qualificação acadêmica e sem compromisso com o ensino e a pesquisa se apossaram dos cargos burocráticos da antiga UFPB.”

“(Thompson organizou a sua campanha a reitor) mediante atos clientelistas, a exemplo da contratação de mais de duzentos terceirizados (via empresas), todos parentes de servidores.”

“O Magnífico precisou cooptar e para tal assumiu compromissos impensáveis, dentre eles contemplar 34 cabos eleitorais com funções de confiança, criadas ao arrepio da lei.”

“Mais uma vez empossado (Reitor) passou a pagar a seus cabos-eleitorais gratificações (mensalão) com dinheiro público, dissimuladas sob a denominação de bolsas.”

“Todos os ‘ficto-bolsistas’ contemplados, na realidade, desenvolvem atividades burocráticas ou de permanente campanha junto à reitoria.”

“A motivação desses ilícitos prendia-se à busca desenfreada do Reitor pelo terceiro mandato consecutivo.”

“O grupo da reitoria conseguiu cooptar conseguiu cooptar várias lideranças sindicais, vários membros dos Colegiados Superiores da UFCG e até o Presidente da Comissão Eleitoral.”

“A reitoria criou mais de 86 gratificações que são pagas a cabos eleitorais, aparte dos contracheques desses servidores.”

“Como contrapartida ao recebimento dessas benesses, a Reitoria cobra mensalmente de cada servidor beneficiário a devolução de 15% do valor bruto que lhe é pago, destinando-o a um fundo de campanha.”

“Prejuízo ao erário no período de 2005-2008: R$ 1.917.501,15
Sonegação de imposto no período de 2005-2008: R$ 492.438,44”

“A esses condenáveis atos vem se somar a prática do execrável nepotismo na UFCG.”

“O resultado desta prática política é o beneficiamento de uns poucos em detrimento de uma Universidade de qualidade que assiste perplexa a sua derrocada.”

“Nos últimos seis anos temos assistido de forma avassaladora à degradação da vida democrática na UFCG. Esse estado de coisas se materializou no seu cotidiano e ganha ares de dramaticidade nos períodos de eleição caracterizados por troca de favores; intimidação e/ou cooptação dos adversários; instrumentalização do cargo de Reitor para fins político-partidário e espetacularização da política.”

“Os órgão colegiados superiores contaminados com bolsistas-mensaleiros ou seus parentes perderam a legitimidade e aprovam o que o Magnífico quer.”

“A UFCG pede socorro. Ela virou o lugar onde a safadeza se transforma em dinheiro.”

17.10.09

Dia de Mobilização em Defesa da Escola Pública

No dia 28 de outubro de 2009 a Turma de Legislação da Educação, da Universidade Federal de Campina Grande (Campus de Cuité/PB), estará realizando o “Dia de Mobilização em Defesa da Escola Pública do Curimataú Paraibano e região”. O evento acontecerá na Praça Cláudio Gervásio Furtado em Cuité/PB às 14h e tem como objetivo ampliar as discussões sobre o controle social dos gastos públicos, especialmente vinculado ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB) e aos Conselhos de Acompanhamento e Controle Social (CACS) da região.

Segundo o professor Lauro Xavier Neto, organizador do evento, a iniciativa surgiu das discussões travadas na disciplina Legislação da Educação Básica, ofertada para todos os cursos de licenciatura da UFCG (Campus de Cuité), e motivada pela campanha “Olho Vivo no Dinheiro Público” da Controladoria Geral da União (CGU). “Inclusive a CGU cedeu várias cartilhas que serão distribuídas durante o evento”, diz o professor.

O Dia de Mobilização em Defesa da Escola Pública terá a apresentação de teatro de fantoches, exibição de vídeo sobre o FUNDEB, cartazes de orientação à população, jogos de perguntas sobre o FUNDEB e Conselhos de Controle Social, além de uma aula em praça pública sobre a participação popular nos gastos públicos.

Além disso, haverá uma exposição de livros e distribuição de cartilhas sobre o FUNDEB, Alimentação Escolar, Orientação aos Vereadores, Controle Social e a Cartilha Olho Vivo no Dinheiro Público.

A população também será orientada de como ter acesso aos gastos públicos através do Portal da Transparência e do Sistema Sagres do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba.

O evento conta com participação de mais de 40 alunos da disciplina de Legislação da Educação e faz parte do calendário da Formação Continuada de Professores ofertada pelo Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Extensão em Educação (NIPEE) da UFCG.

9.10.09

desintegro/entrego

desintegro-me entre paisagens nebulosas
feridas entreabertas
bocejos ao entardecer

desintegro-me ante maus presságios
muxoxos incontidos
bom dia - mal (dito)

desintegro-me em cada viagem
sem destino, sem lua cheia

desintegro-me ao ver o não visto
e não conseguir convencer
meia dúzia

desintegro-me ao ver o riso sarcástico
a derrota de outrem como troféu
migalhas jogadas ao léu

desintegro-me ao ver gente cabisbaixa
num tom lamurioso
silenciado pela força

desintegro-me
desintegro-m
desintegro-
desintegro
desintegr
desinteg
desinte
desint
desin
desi
des
de
d
.
e
en
ent
entr
entre
entreg
entrego
entrego-
entrego-m
entrego-me

entrego-me nesta luta insana
buscando viver mais +
e desintegrar menos -

entrego-me incessantemente
ao meio dia
meia hora, toda hora

entrego-me sem meias palavras
sem meios dilemas
sem meios

entrego-me de olho fechado
às vezes utilizado
por um covarde

entrego-me com dor de dente
com displasia
e sem anestesia

entrego-me por não ter medo
mesmo no probatório
não corro de uma boa peleja

desintegro-me, integro-me
entrego, não entrego

movimento dialético
de algo que não vou ver mudar
mas não cansarei de tentar

4.10.09

Rio 2016

Meu professor salário não tem não
Minha escola não tem plinto
Na verdade todos os alunos são
Do pré ao quinto

Na merenda tem biscoito
O Conselho está irregular
O FUNDEB, sem muito esforço
O Coronel consegue faturar

Meu professor está cabisbaixo
O diretor tem o poder
Rapadura está no tacho
Sem bola no recreio é de doer

Não temos computadores
Nem direito de aprender
Sofremos com tantas dores
Que ainda hão de aparecer

O Lula até chorou
Acho que lembrou
Da nossa escola, que não é toda e sim um pedaço
E nós aqui, temos que ter peito de aço

Disseram que agora o esporte
Invade a escola
Mas, isso é de morte
Nossa escola não decola

Não há escola, há esfarrapados
Não tem badminton, vôlei ou qualquer variedade
São sonhos esparramados
Distantes da realidade

29 bilhões para a o sonho Olímpico
E eu te peço ao menos o piso
Por favor, eu suplico
Para o professor não ficar tão liso

E agora são sete anos
Para aumentar as medalhas
Será que encontrarão os insanos
E nós continuaremos com as migalhas?

Queremos escolas, para cumprir o desiderato
Velho sonho de uma educação de verdade
Longe daquele rato
E da gente cheia de vaidade

As escolas do campo nada têm
Quadro e giz, no máximo
E meus amigos não nadam bem

Não sabemos o que é handebol
Basquete ou voleibol
Só sabemos o que é um pau-de-arara
E não aprendemos nem o salto com vara

Beisebol, hipismo, marcha atlética
Deve ser algo do primeiro mundo
Aqui é gude, pula-corda e banho de bica
E uma corrida até a casa de seu Raimundo

Minha escola nem no IDEB apareceu
É escola do campo e não mereceu
Vai ver que só os primeiros terão vez
No Rio 2016