Páginas

22.2.10

vai

Vai caminha, fala tudo
Confessa que esta manhã não adormeceu
Diz para mim que estás curado
Que já consegues enfrentar
Essa gente mal formada
Diz para mim que teu caráter
Continua altivo, atento e forte
Que não serás mais um que se vendeu
Não queiras o preço da morte
Nem dará esmolas para aplacar tua consciência

Vai diz para mim
Que teu nome ainda soa forte
Que ainda acreditas nas velhas utopias
O escorregar inconsciente foi a fraqueza
De apenas desejar continuar a ser feliz

Vai diz para mim
Que suportarás essa dor
De perder, de deixar, de abandonar
Esse vazio

Por que essa dúvida?
Por que esse desconsolo?
Se tu sabias que não irias transformar nada
No máximo será possível assistir o germe rebentar
Não há fracasso nisso

Engole tua vaidade, teu egoísmo
Libera endorfina e segue tua vida
Não se deixe adoecer nesse mórbido horizonte
Supera essa noite mais
Esquece esse medo de perder
Esquece o dia do entardecer

Um comentário:

Unknown disse...

muito belo, Lauro, tua poesia-denuncia. Quantos o teriam igual coragem??
"Engole tua vaidade, teu egoísmo
Libera endorfina e segue tua vida" É algo dificil, mas necessário pra nao se mostrar fraco e assim seguir, sozinho, com os proprios pés e as proprias forças...