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21.4.10

Cabo Branco

No Cabo Branco não há dialética
Não há razão aristotélica
O banho é sempre com a mesma água

Por vezes turva, por vezes turquesa

No Cabo Branco deitei, chorei e amei
Lugar de refúgio imortal,
De todos os meus casamentos
De todas as minhas separações

Muito do seu mar salgado
É composto de minhas lágrimas
Do suor e do sentimento afogado

No Cabo Branco já pensei na vida
Na morte e em todos aqueles
que um dia se foram

No Cabo Branco li poemas de Neruda
Degustei vinhos baratos
Comemorei com os amigos
Fiz luaus até o amanhecer

Mergulho profundo em suas areias
Tão brancas, de paz eterna
Mergulho nos sonhos, procuro sereias

Imagino ser sepultado nesta praia
Coberto de algas, embebido de sal
Jogado ao mar e acorrentado
Para sempre na sua limítrofe raia

Um comentário:

Anônimo disse...

Lembrei-me de Fernando pessoa lendo isso.
"Oh mar salgado
Quanto do teu Sal
São Lágrimas de Portugal"

Ótimo poema, meio nostálgico, saudoso...
Já fui à cabo branco uma vez
Fiquei no "Pouso das Águas". Viagem do CEFET rsrsrs.
Muito bom.