Prefiro o som ardente dos gritos torturados
A esse silêncio profano da legalidade instituída
Prefiro a cadeira elétrica
o pau de arara
o verdugo encapuzado
À lerdeza infinita e deliberada do Tribunal de Justiça
Prefiro ser enterrado como suicida
A esperar pelo julgamento da minha causa
Prefiro as bombas em bancas de jornal
Do que esse imprensa comprada
Prefiro as barricadas, os molotovs
o manual do guerrilheiro urbano
a esses partidos de outubro
Mas, são tempos vindouros
que engoliram o tempo passado
É uma era do ouro
que se expande com crédito cidadão
O que estava expondo
agora camuflado
O que era violência
agora paz dos túmulos
O que era tortura
virou crise [ano que vem o país volta crescer]
O que era exploração
oportunidade
O que era rebelião
idiotice
O que era mínimo
salvação
Coisa do passado
anacronismo de cabelos brancos
E continuo escutando os Beatles numa vitrola de agulha
Datilografando poemas num máquina vermelha
Escovando os dentes com juá
E vou continuar me recusando a pintar os cabelos
mesmo que aqueles 21 anos ainda perdurem
24.1.16
9.1.16
Feridas
Minhas feridas abertas
hoje demoram a cicatrizar
Antes fechavam em pouco tempo
gotas de mercúrio cromo e paciência
Mas não causam inveja às feridas internas
Centenárias, purulentas, viris e teimosas na cicatrização
6.1.16
5.1.16
Assinar:
Postagens (Atom)