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30.10.13

Bluetooth

Lembra de um verão em 2008
Quando tudo parecia tão estável
E imutável
Éramos mamutes congelados
No inquebrável transcurso do tempo

Uma vida sem anomalias
Regando rosas ao amanhacer
Tomando chá ao entardecer
E agradecendo por mais um dia sem anomias

Escutávamos o rock and roll da moda
Sem saber que as oitos rotações
Do Long Play
Um dia se transformariam em
Dentes azuis sem legiões

Hoje uma barriga te espera
Um pequeno ao meu lado pede colo
E não fazemos mais apostas
Antes do sol se por

13.10.13

Vandalismo [na Assembleia Legislativa da PB]

[Para Manuel Bandeira e para o povo do Curimataú]

Hoje eu vi um vândalo
Não estava de máscara
Nem de Molotov

Carregava na bolsa
O dinheiro da prefeitura
Do FUNDEF e da Atenção Básica

Carregava os votos comprados
Com o dinheiro da coisa pública
E andava de paletó e gravata

O vândalo
Não era um anarquista
Não era um Black Bloc
Nem mesmo um marxista

O vândalo, meu deus,
Era um deputado

12.10.13

Vandalismo

Hoje eu vi um vândalo
Não estava de máscara
Nem de Molotov

Carregava na bolsa
O dinheiro da prefeitura
Do FUNDEF e da Atenção Básica

Carregava os votos comprados
Com o dinheiro da coisa pública
E andava de paletó e gravata

O vândalo, meu deus,
Era um deputado
Cheio de bravata

11.10.13

Mostra Che
10 de outubro de 2013
Auditório da ADUFS / UFS
GEPEL / UFS




8.10.13

Pós-graduação

Microconto

Ao encontrar o restaurante universitário fechado, em pleno semestre letivo, resolveu entrar na fila do SUS para tentar a bariátrica.

1.10.13

Rogar

Ruminou a aurora do novo dia
Surdos decibéis
Vagaram sem eira nem beira

Cavalos selados desceram morro abaixo
E cada soldado em sua trincheira

A revolução passou incólume
Nem ao menos foi entoada
A cantata do meio dia

O estribilho da internacional
Virou pagode de fim de semana

E todos que sentaram à mesa
Da santa ceia
Hoje gozam de ouvidos de rogados

Escutam apenas o rouco tilintar dos sinos
Numa balada surda
Da festa inacabada da Babel
[revolucionária]

Xadrez

Filho,
hoje eu te apresentei o tabuleiro
e as peças do xadrez

Os peões e sua capacidade de organização
Um desejo enorme em não aceitar
A lógica do sistema
Convencer a maioria
Que é possível chegar ao posto de Rainha

A liberdade dos cavalos
Saltam muros
Andam em ele
Tripudiam dos obstáculos
Parecem bichos alados

A igreja sempre presente
Nas diagonais
Impõe seus ritos
Nem sempre sagrados
Muitas vezes, apenas mitos

Torres gêmeas anunciam o prelúdio
Pés de barro, ignóbeis
Acham que têm o mundo
E todos os contos de réis

O Rei é a prova cabal
Tão forte
Tão frágil
Anda qual um peão
E vive na espreita
Com medo do juízo final

Rogo aos céus que o mundo compreenda
Que o concreto real forja a consciência
E que esse mundo encantado
Do tabuleiro de xadrez
Seja apenas uma desculpa ética
Para passarmos horas a fio
Pensando em como viver
[plenamente]
A dialética