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20.6.11

Morto e sepultado

O autor destes escritos está morto
Assim permito ao leitor vagar, divagar
E reescrevê-los

Permito ao leitor sempre pensar que escrevo para ele
E quase sempre escrevo pensando em alguém
Mas, de maneira recorrente, este alguém
Sou eu mesmo:
Morto e sepultado!

Batismo de mar


Não posso prever quantos mares iremos aventurar
E se um dia, eu já um vetusto senhor,
Poderei compartilhar conselhos

Imagens críveis
Só aquelas por hoje registradas
E nada mais posso desejar

Uma semana pode representar
Uma vida por completo
Dias brancos, noites belas
Quantos sonos em meu peito
Quantas sestas tranquilas ao meu lado?

Não posso me dar o luxo de especular o futuro
Resta-me apenas contabilizar as horas
E espremer cada segundo que tenho contigo
Para que ele se torne
Um dia eterno

Vida

Em meio ao Vesúvio
Desta lida inglória
Retenho-me intimorato
Aos contra tempos desta passagem
Chamada vida

Bulimia sexual

Encetado por caminhos
Inexplicavelmente inusitados
Rebelou-se contra a tradição
[Família-Propriedade]
Escalou montanhas insólitas
E deparou-se com a rapidez das atitudes

Antes processos de longa data
Vazão histórica e consuetudinária
Agora ações imediatas
Sem a mínima necessidade
Das essenciais preliminares

Deparou-se com a beleza mórbida
Da burguesia
E suas excrescências
Desligou-se das vestes do puritanismo
E atirou-se lépido aos ditames da nova ordem

Deparou-se nu, esquálido
Rente a si mesmo
E vomitou vertiginosamente
Como num ataque grosseiro
De bulimia sexual

16.6.11

Papel sem pauta

Minha vida virou um papel sem pauta
De sentimentos depurados
Imiscuídos num vazio transgressor
Da lógica cartesiana de uma dita igreja

Não distingo mais imposição cultural
Com o desejo de liberdade aparente
Não assisto mais TV
E compreendo melhor o mundo
E o sentimento alheio