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22.11.09

Macondo

Macondo é aqui
Macondo não é Bogotá, nem Jampa, nem Medellín

Macondo são os destroços dos sonhos construídos
Por gerações a fio

São as aberrações ordinárias por ordem de
São casas pintadas da mesma cor
Que resistem as imposições locais

Macondo foi o sonho da minha geração
Um lugar decente para plantar, sorrir, cantar

Foi uma casinha de varanda,
Com bois, vacas, galinhas
Foi a melancolia que tanto sonhei

Macondo inundou-se em promiscuidade
Em notas trocadas por sexo
Em um não fazer cotidiano

Macondo suprimiu muita gente
Arrasou desejos
Amordaçou as minorias
Sucumbiu em desatinos

Um lugar de veleidades
Quimeras inconclusas
Livros por escrever

Macondo não é um lugar mau
Tornou-se inóspito pela graça
Malfadada de seres egoístas
Ou neófitos convencidos ao acaso

Aqui já foi minha paragem
Tornou-se, agora, meu algoz
Macondo não deveria mais existir

Uma chuva de consciência
Carece destruir, com furacões ferozes,
A última saga de uma geração

E fazer rebentar outra massa
Outro pão,
Um verdadeiro alimento de libertação

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