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26.2.11

Omar

Hoje resolvi compartilhar a amizade de Omar
Que nunca se deixou locupletar
Que nunca esteve ausente quando precisei
De um ombro amigo

E sempre me fez trocar a tarja preta
Pelas ondas calorosas do seu silenciar atencioso

13.2.11

Indignação

Esta indignação não tem versos lúbricos
Não é jocosa
Nem idílica
Ela é fruto histórico
Da Casa Grande & Senzala
Da colonização malfadada
Que até hoje aporta
Em navios negreiros
Coronéis rabugentos
Portos de capim
Rei & Tormentas
Assédios morais
E lastimáveis injustiças

Esta indignação é meu combustível fóssil
Que depreda
Intoxica
Agride o mau ambiente
Esta indignação é insolente
Aos olhos daqueles
Que se locupletam da dignidade
Alheia

7.2.11

Discórdia (II)

O meu emprego
Emprega uma ação deletéria
E prega discórdia
Que desfaz o sentido
Da ação laboral
Cujo gosto da intelectualidade
Transforma-se em sabor amargo
Do Ateneu incendiado

Discórdia (I)

Lamberei as botas
Dos pés que me sustentam
Sem precisar ovacionar
Quem me domina

Seja pelo ato
Pelo palco
Ou pela conveniência aparente
Da cizânia adormecida

Obturação

Vou elidir da minha vida
Todo siso encravado

Para não usar qualquer dentifrício
Como ação corriqueira

Massa [de manobra]

Essa indiferença suburbana
Às vezes se confunde
Com a desconfiança camponesa

Essa marcação de posição
Partidária
Retarda o processo histórico
Da organização das massas

E eu massa
Viro pizza, pão, lasanha

E sou devorado
Pelo patrão do padeiro
Que não acorda às cinco da manhã

Fevereiro (II)

Chegou fevereiro
Tão faceiro
Extremamente sorrateiro
Em meio a tantos desejos forasteiros
Aberta as cancelas sem porteiro
Tudo isso depois de janeiro
Esquálido mês de assalto financeiro
Apoiado nas histórias do ano traiçoeiro
Quem dera amanhecer e seguir
Simplesmente ao açougueiro
Antes da chegada de marceiro