Caminha

Diálogo Contemporâneo

- É sua mulher?
- Não, pois ela não diria que sou seu homem!

- É sua esposa?
- Neste caso não usamos pronomes possessivos!

- É a pessoa com quem você se relaciona?
- Também, como não há posse somos livres!

E assim na caminha a humanidade.

Irremediável

Aquartelado

 Escreveu poemas de amor

Proibidos

 Eis que o sol se pôs quadrado

Doutrinas sentimentais

Os entraves burocráticos
Afogaram rebeldias sentimentais históricas
Resumiram profundas organelas suculentas
Em vestes esfarrapadas, ultrajadas e beligerantes

[Em detrimento aos pavimentos segmentados de prazer]

Restaram os concretos abomináveis do ser
Secos em solo árido [acinzentado pelo escaldante sol]

Amordaçados pelas próprias máculas que não giram mais a roda da história
E sobrevivem atolados às dívidas impagáveis de sua própria rebeldia

Manchados pelo codinome maltrapilho sob a alcunha esfomeada das famílias que ocupam os prédios podres do ponto de cem réis
Eis que adormecem os zigotos cansados de esperar pela hora exata de encontrar seus pares enigmáticos e sorridentes
Purificados pelas doutrinas abomináveis e consumistas
Jocosas, verdadeiras, deterministas

Que tornam o prazer em piadas niilistas, descrentes do dízimo impagável que se chama, [e queima], amor!