Páginas

22.4.21

Genocidas

Não vamos esperar secar o sangue quente das vidas despedaçadas

Vamos justiçar cada lágrima rolada

Vamos guilhotinar cada déspota não esclarecido


Vamos vingar cada partida precoce

Quatrocentos, quinhentos mil?

Não são números

Ely, Assis, Milton, 

Seus algozes serão julgados


Queremos a cabeça do rei Ubu

Antes que o sangue quente seque

Queremos guilhotinas na Praça da Paz

Asseclas, assessores, defensores

Não queremos a paz dos túmulos

Queremos a cabeça jaz

13.4.21

Réquiem para Assis

Repouso eterno para quem me ensinou os primeiros acordes


Repouso para quem me ensinou Vandré

Para quem cortava minhas unhas numa atitude paterna de ser

Para quem brincou comigo nas horas vagas

Para quem me ajudou na atividade de casa

com a maestria dos seus traços perfeitos

Era mais que uma clave de sol

era uma obra de arte


Era mais que um professor dedicado de violão

Era nossa diversão duas vezes por semana

Era mais que um músico

era um ser humano sonoro


Pra não dizer que não falei do Assis

Não houve espera para o amigo

Houve quem não soube fazer acontecer

====================================================

ASSIS: UM SER HUMANO SONORO

Bartyra Soares

  

Assis "era mais que uma clave de sol".

Era o próprio sol das claras manhãs,

quando seu violão trinava nas suas mãos

e mesmo quando surgiam dias nublados

a chuva não embargava sua voz.

 

 

Sim, Assis era mais que uma "clave de sol".

Era a correnteza de um rio de águas

cantantes, afinadas, de rumo certo.

Levava nos tons canções de tantos versos

de paz, de amor, de sonhos, da vida.

 

Sim, Assis "era mais que uma clave de sol".

Hoje seu violão é uma estrela a mais

a tocar  no espaço, talvez sobre o mar,

porque ele sempre será "um ser humano sonoro.".

Não é por cento e poucos reais... é por dignidade

 Não é por cento e poucos reais... é por dignidade


*Frederico Linho


Dignidade, “qualidade moral que infunde respeito, consciência do próprio valor”. Não há dúvida que os professores neste país procuram tornar a palavra dignidade em algo concreto, labutam diariamente pela formação de gerações na esperança de dias melhores. Não há caminho sem a presença dos professores, não há caminho sem professores de cabeça erguida, dignos do seu trabalho.

Há quem pense que a labuta é apenas em sala de aula, porém, a luta diária por dignidade ultrapassa o espaço escolar e se configura numa batalha encarniçada por melhores condições de trabalho. Parece uma cantilena, uma narrativa monótona, deliberadamente repetida com o intuito de adormecer os trabalhadores em educação. Mas não há cansaço quando a luta é por dignidade.

É indigno desprezar o trabalho de formação de um professor, é indigno rebaixar sua formação à patamares inferiores aos anos de estudos e dedicação. Sim, acreditem, professores passam anos na universidade, assim como médicos, engenheiros e advogados. Não à toa o Plano Nacional de Educação, em sua Meta 17, precisou gritar: “valorizar os (as) profissionais do magistério das redes públicas de educação básica de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos (as) demais profissionais com escolaridade equivalente”.

É inimaginável pensar que um professor formado em nível superior seja enquadrado numa carreira inferior à sua formação. É inimaginável pensar que um professor com pós-graduação tenha que amargar três anos sem poder receber proventos equivalentes a seus esforços acadêmicos. Esta última maldade está referendada em vários Planos de Carreira, a primeira maldade está sendo articulada em algumas redes municipais de ensino sem respaldo jurídico.

A tal propalada valorização do magistério não pode ser uma frase bonita num Plano de Carreira, tem que ser ação efetiva, mesmo que isso garanta cento e poucos reais a mais no bolso do professor. Cento e poucos reais é o que separa um professor formado em nível médio (Magistério) de um professor formado em nível superior. Mas não é, apenas, por cento e poucos reais, é por dignidade. Dignidade para ser valorizado enquanto professor, enquanto sujeito histórico que passou anos estudando e que não merece ser humilhado e rebaixado por ações equivocadas de gestores de plantão.


Não é por cento e poucos reais, é por dignidade.