Páginas

26.8.10

Contrarrazões TRE/PB


Excelentíssimo Sr. Doutor Juiz Eleitoral João Ricardo Coelho, Relator do Processo No 4360-06.2010.6.15.0000

Assunto Contrarrazões 4360-06


            Somos professores da Área de Fundamentos da Educação da Universidade Federal de Campina Grande-PB, Campus de Cuité/PB. Não somos oriundos do Curimataú Paraibano, mas, há dois anos estamos residindo na região e passamos a atuar no magistério superior. Como servidores públicos federais atuamos de forma isenta, procurando sempre o bem público, agindo conforme os preceitos legais – evitando manifestações de apreço ou desapreço aos servidores da universidade (conforme rege nosso regime jurídico) bem como aos problemas pessoais locais de grupos partidários rivais.

            Em 2008 iniciamos com o nosso corpo discente a Campanha de Coleta de Assinaturas do Projeto de Lei da “Ficha Limpa”. Tivemos que suplantar o sentimento de resignação da população local com relação às leis que regem este país. Lugar de extrema descrença na Justiça e com ares históricos do coronelismo e da subserviência política (sem falar nos rumores de compras de votos, assédio e criminalização daqueles que desejam um outro projeto político para este país).

            A Lei da Ficha Limpa: “foi aprovada graças à mobilização de milhões de brasileiros e se tornou um marco fundamental para a democracia e a luta contra a corrupção e a impunidade no país. Trata-se de uma conquista de todos os brasileiros e brasileiras (...). O projeto Ficha Limpa circulou por todo o país, e foram coletadas mais de 1,3 milhões de assinaturas em seu favor – o que corresponde a 1% dos eleitores brasileiros. No dia 29 de setembro de 2009 foi entregue ao Congresso Nacional junto às assinaturas coletadas.” (Obtido em: http://www.fichalimpa.org.br, em 26 de agosto de 2010, às 17h32).

            A referida Lei é um avanço no tão debilitado e desgastado processo eleitoral brasileiro, em especial no interior do Nordeste. Lugar onde as oligarquias e famílias fazem um nefasto revezamento de poder, mesmo com decisões transitadas em julgado na justiça e órgãos fiscalizadores, apontando a necessidade de punição a estes políticos que dominam a população sob a égide do medo, da coerção, da compra de votos, utilizando para tanto, recursos do erário público para a manutenção de suas ações inescrupulosas de poder.

            Imbuídos pelo desejo precípuo de formar uma geração de cidadãos conscientes do precário estado da participação popular e desmobilização social que germina em solo nordestino, atuamos no Curimataú Paraibano e região, numa linha pedagógica progressista que afirma ser necessário romper mourões e criticar amplamente este modelo de sociedade excludente, procurando organizar, com o povo, uma nova concepção e mentalidade política, buscando criar uma identidade pedagógica-cultural que afirme peremptoriamente a participação popular.

            Assim, enquanto seres partícipes, pensantes, isentos desta política mesquinha vigente, com autonomia intelectual e sempre buscando uma coerência entre nossa ação teórica e a nossa atividade prática, notificamos a Justiça Eleitoral quanto o enquadramento do Sr. Osvaldo Venâncio dos Santos Filho, na Lei Complementar 135/10 e juntamos os termos do Tribunal de Contas do Estado (TCE/PB).

            Gostaríamos de afirmar que tomamos tal decisão ao ver anunciado na imprensa local que haveria um último dia para impetrar recursos contra os pedidos de candidatura. Na pressa do momento, incluímos, acidentalmente, o Sr. Osvaldo Venâncio dos Santos, num deslize cometido pela simetria dos nomes, ato falho que revelou problemas junto ao TCE/PB de parente do postulante a candidato a deputado estadual. Aproveitamos para incluir os termos corretos do TCE/PB:

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
- CORREGEDORIA -
RELAÇÃO DOS PARECERES CONTRÁRIOS - TRE 2010

3630/03 DOC.
6594/05
Prestação de Contas do Município de Cuité – Ex: 2004– Resp.: Osvaldo Venâncio dos Santos Filho - 166/2006 12/12/2006 0077 SECPL-GAPRE

1765/03 Prestação de Contas do Município de Cuité – Ex: 2002 – Resp.: Pref.: Osvaldo
Venâncio dos Santos Filho
106/2005 e 11/2005
06/07/2005 e 22/02/2005
1233/2005 SECPL-GAPRE

            A Lei Complementar 135/10 que altera a Lei Complementar no 64, de 18 de maio de 1990, estabelece casos de inelegibilidade, prazos de cessação e determina outras providências, para incluir hipóteses de inelegibilidade que visam a proteger a probidade administrativa e a moralidade no exercício do mandato, diz que serão inelegíveis aqueles que:

“g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição;”

            A defesa do postulante a candidato argumenta que o TCE/PB não é órgão competente para julgamento de contas de prefeitos. Ora o legislador não seria tão ingênuo de acreditar que um órgão tão importante no processo de moralização do serviço público com um Tribunal de Contas do Estado não seja a figura central nesse processo. O risco de deixar para as câmaras municipais tal prerrogativa está claro no caso em tela, vejamos. De acordo com o TCE, Osvaldo Venâncio dos Santos, pai do então prefeito também teve suas contas rejeitas em 2002 enquanto presidente da Câmara de Vereadores de Cuité/PB, conforme segue:

2031/03 Prestação de Contas da Câmara Municipal de Cuité – Ex.: 2002 Osvaldo Venâncio dos Santos APL TC 779/2004

            Assistimos ao total desmantelamento das câmaras municipais do interior do nordeste do país, um ou outro vereador de oposição que não consegue legislar sozinho, cercado por, digamos, assessores e senhores de confiança dos prefeitos municipais, mais próximos de servidores com cargos de confiança do que exatamente legisladores com o dever de fiscalizar o poder executivo.

            Além da rejeição das contas enquanto Prefeito de Cuité/PB, o Sr. Osvaldo Venâncio dos Santos Filho, também foi enquadrado pela Justiça Eleitoral, pela rejeição por parte do TCU da prestação de contas do Convênio número 600548/2000, pela condenação colegiada em sede de ação de improbidade administrativa (TRF da 5ª Região) e pela Condenação colegiada em sede de ação de impugnação de mandato eletivo – AIME.

            É importante reforçar que a aplicação de multa recebida pelo Sr. Osvaldo Venâncio dos Santos Filhos configura dano ao erário, em especial quando se tratando da não aplicação constitucional de recursos destinado à educação, apontando que o descuido com a educação do município gera danos irreparáveis às futuras gerações, inclusive. Além do mais, quase 70% das aquisições de bens e serviços durante a gestão do então Prefeito Osvaldo Venâncio dos Santos Filho, foram realizadas sem devido processo licitatório, um afronta à Lei 8.666/93 e, em tese, gerando o favorecimento de grupos econômicos que provavelmente apóiam a permanência no poder de lideranças que buscam, de toda forma, se locupletar do erário público.

            No mais, observando uma população já descrente com a Justiça (inclusive com a Justiça Eleitoral) e vivendo num espaço político esvaziado de discussões conceituais sobre a organização popular, lugar-comum de ode aos candidatos que oferecem tijolos, benefícios diversos e repasses financeiros em troca do sufrágio eleitoral, clamamos que esta Corte não desfaça o desejo de um milhão e trezentos mil brasileiros que coletaram, como formiginhas laborais, as assinaturas para a concretização de um primeiro passo para a moralização das eleições tão desgastadas de outubro.

Cuité, 26 de agosto de 2010

22.8.10

Desprezo


Desprezo tudo que escrevo
Depois de escrito
Deixo num canto
Não reviso
Não reescrevo
Não releio

Chego a desconhecer

Quando me indagam
Sobre este ou aquele escrito
Fico horas pensando
“realmente escrevi isso?”

Tento seguir os conselhos
(do Drummond)
Ler, reler, refazer
Não consigo

Chego a sentir ojeriza

Especialmente aqueles
Que tenho animosidade
Recebem comentários inesperados
Justamente aqueles que jurei não publicar
Recebem honrarias desmedidas

Por um segundo não foram vítimas da tecla DEL
Encaminhados para o lixo eletrônico

Por isso escrevo,
Mesmo desconhecendo a paternidade
Mesmo achando chato
Mesmo achando rude
Mesmo com todos os erros
Clamando sempre
Pelo clichê,
Pelo lugar-comum
da Licença Poética

9.8.10

tudo combina

tudo combina, céu azul, pôr-do-sol, sorriso largo

tudo combina, alegria, amizade, paisagismo

tudo combina, amor, paixão, bolero

tudo combina, pessoas inefáveis, paisagens idílicas

tudo isso é vida, lua cheia que rebenta

tudo combina, aniversário das mães

nome das irmãs,

escola de estudo,

escola de trabalho,

tudo combina, rosto de irmãos

tudo isso me faz viver...

Apresentação do Livro Saiba mais sobre Educação

Gonzaguinha tem uma música que exprime a construção deste livro. “Caminhos do Coração” fala do tempo em que o compositor saiu de casa, caiu na estrada, ganhou o mundo e a vida à procura de ser feliz.

Há dez anos saí de casa iniciando minha vida como professor universitário na Universidade Regional do Cariri (Crato-CE) e por aí segui andando, trilhando estradas e fazendo amigos/as. Passei por Jequié na
Bahia (UESB), pelo MEC em João Pessoa-PB, por Pau dos Ferros-RN (UERN), por Mossoró-RN (CEFETRN) e agora por Cuité-PB (UFCG).

Como diria Gonzaguinha “... aprendi que se depende sempre / De tanta, muita, diferente gente / Toda pessoa sempre é as marcas / Das lições diárias de outras tantas pessoas...”, e consigo ter um lugar, um abrigo em todos esses lugares por onde passei, “pois lá deixei um prato de comida, um abraço amigo, um canto prá dormir e sonhar”.

Esses/as amigos/as de longa data ou mais recentes representam o conteúdo deste livro sobre Educação, marcado pela presença constante de um desejo incorruptível de compreender, interpretar e transformar essa realidade em que vivemos. Lembro bem dos primeiros passos sobre as discussões do conceito de Projeto Histórico e Educação do Campo com Fátima Garcia, das nossas idas aos assentamentos e acampamentos
na Bahia, dos debates homéricos, dos grandes achados, do compartilhar de sonhos. Lembro dos grandes embates com Amanda Novaes, ainda uma jovem estudante da UESB e hoje professora universitária, com uma formação consolidada e argumentação precisa.

Os amigos de labuta, e de luta, da Educação Física na UFPB (local da formação inicial e continuada) Fernando Cunha, Jeimison Macieira, Jorge Hermida e Dani Cely, também estão nesta obra através de contribuições vinculadas à formação de professores, precarização no mundo do trabalho e as discussões sobre a reformulação curricular do curso de educação física.

Das pelejas mais recentes, já vinculadas à Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), estão os escritos de Anderson Scardua (análise da expansão universitária), Franscidavid Belmino (sobre as concepções pedagógicas), Gláucia Medeiros (análise das correntes pedagógicas e o ensino de ciências).

Fechando esta publicação e abrindo espaço para a diversidade conceitual, estão os trabalhos de Camila Monteiro (Literatura), Simone Cabral et al. (Sexualidade), Fonseca e Vargas (sobre educação e valores) e Gomes (Neurociência x educação). Boa leitura!

Lauro Pires Xavier Neto

Organizador

"nada a temer senão o correr da luta..."

Cientes do risco que corre nossa integridade física, num nordeste de neocoronéis, de uma política atrasada e mesquinha, da violência que paira solta nesses latifúndios dominados por meia dúzia de mandatários inescrupulosos e lotados de bajuladores de plantão, eu e o professor André Martins (UFCG) encaminhamos pedido de impugnação do candidato Bado (esposo da Prefeita de Cuité/PB) e nossos nomes circularam no julgamento dos processos do TRE.

Felizmente, enquadrado como Ficha Suja (rejeição de contas, enquanto prefeito, pelo TCE/PB), Bado foi considerado inelegível.

Seguem as matérias e continuamos atentos, pois "nada a temer senão o correr da luta, nada a fazer senão esquecer o medo",

saudações a quem tem coragem,

Lauro Xavier Neto

http://clickpb.com.br/artigo.php?id=20100805031416&cat=paraiba&keys=apesar-feriado-tre-mantem-esforco-concentrado-julga-mais-registros

Apesar de feriado, TRE mantém esforço concentrado e julga mais de 35 registros

Fernando Rodrigues - ClickPB

O pleno do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba tem nesta quinta-feira (5), uma pauta bastante intensa e o julgamentos com a introdução da Lei da Ficha Limpa, as sessões ficaram bem mais longas.

Hoje, de acordo com o TRE-PB estão em pauta cerca de 38 julgamentos de registros e os trabalhos da Corte, a exemplo de ontem, podem varar a madrugada. Confira a pauta do TRE-PB

1º. PROCESSO: Rcand nº 4360-06.2010.6.15.0000 - CLASSE 38 (prot.: 18.693/2010)

Procedência: Paraíba

Relator: Exmº. Juiz João Ricardo Coelho

ASSUNTO: Pedido de Registro de Candidatura, com Impugnações e notícia de inelegibilidade, ao Cargo de Deputado Estadual, referente às Eleições 2010.

Requerente: Coligação Paraíba Unida VII (PSL / PR), Por Seu Representante Legal, Antonio Fábio Rocha Galdino

Candidato/Impugnado/Noticiado: Osvaldo Venâncio dos Santos Filho, Cargo Deputado Estadual, Número 17888

Advogados: Johnson G. de Abrantes, Edward Johnson G. de Abrantes e Bruno Lopes de Araújo.

Noticiantes: Lauro Pires Xavier Neto e André Antunes Martins

Impugnantes: Ministério Público Eleitoral; Cláudio Rodrigues de Souza

Advogados: Yuri Simpson Lobato, Igor Gadelha Arruda e outros.

Cota 1º - Sessão dia 04/08/2010 : INDICADO PARA ADIAMENTO PELO RELATOR.

Sexta-feira, 6 de Agosto de 2010
TRE-PB conclui julgamentos de registros de candidaturas e indefere 12
Corte Eleitoral

O Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) julgou na 81ª Sessão, que teve início na tarde da quinta-feira (05) e findou na primeira hora desta sexta-feira (06), 45 pedidos de registro de candidaturas, dos quais 12 foram indeferidos, perfazendo um total de 433 julgados.

Os indeferimentos se deram pela ausência de filiação partidária, a falta de documentação, de quitação eleitoral, desincompatibilização, requerimento fora do prazo e incidência na lei complementar 135/2010.
Os indeferidos podem recorrer no prazo de três dias.

Indeferidos para o cargo de deputado federal:

1. João Marque Estrela da Silva
2. Brasimar Henrique Xavier - PSC

Indeferidos para o cargo de deputado estadual:

1. Salomão Benevides Gadelha – PMDB
2. Jacó Moreira Maciel – PDT – Ficha limpa
3. Osvaldo Venâncio dos Santos Filho - PSL – ficha limpa
4. Niedja Josenice Modesto dos Santos
5. Bruno Veloso Castelo Branco Lopes – PP
6. Leomar Benício Maia– PTB
7. Maria José Nunes de Oliveira - PPS
8. Maria do Socorro Rodrigues dos Santos
9. Elenildo Gomes da Silva
10. José Carlos de Souza – PP

28.7.10

Não mais pertenço - "despertenço"

despertenço a esse lugar inóspito

chamado de universidade

crivado de seres ignóbeis

mal amados

criaturas infames

crivados de cifrões

por todos os lados

vaidosos e impertinentes


seres fechados ao debate

aos livros raros

à bela poesia

ao bom desfecho


seres infeccionados

pelos vírus purulento

da discórdia

plantam ódio, mentiras

infâmias

enquanto aplaudidos

pelos bajuladores de plantão


os abutres venceram -

não mais pertenço a esse ambiente

hostil


pois, rogo um dia

flores despetaladas

bombardearem todos os campi

inundarem de orvalho

todo o campo dos doutos

produtores de gases lacrimogêneos

24.7.10

HORÁRIO POLÍTICO 2010

Candidatos empertigados

+

Discursos monocórdios

+

Verborragias que tilintam

+

Idiossincrasias eletivas

+

Ignomínias aos montes

____________________

= Horário Político 2010

21.7.10

O Silêncio, fiel companheiro

O silêncio é meu dom, meu tudo

Meu melhor amigo

Conheci o silêncio nas longas tardes

Da infância e juventude

Em todas as segundas, terças, quartas e quintas

Silencioso alaúde



O silêncio apresentou-se em formas de livros

De mudos discos

De sonhos colossais



Com o silêncio aprendi a sonhar

A amar, a ver o mar

O silêncio das ondas num verão

Num madrugar



No silêncio escuto meu choro

Ouço clamores

Ouço rufar tambores

Ouço a Palestina em coro



Certa vez o silêncio confessou-me

Que entre frestas e janelas

Farpas e cobertores

É preciso ficar mudo

Para ser ouvido



Mudo meus ares

Mudo o mundo

Mundo mudo

No silêncio de Antares



O silêncio na boca

Da Pedra da Boca

Faz rolar chorinhos

Ribanceira abaixo



E neste dilúvio de barulhos

Mesquinhos

Só o silêncio poderá dizer:

Melhor do que arrogâncias mil

Só eu mesmo para poder remendar

Desejo tão vil

11.7.10

Este domingo poderia ter sido diferente

Fim da Copa. Com uma atuação fantástica dos craques brasileiros conseguimos conquistar o hexacampeonato mundial. A vitória sobre a Argentina foi incontestável, apesar de los hermanos mostrarem um futebol de alto nível. Nossos jogadores desfilaram no campo e finalmente o futebol arte vingou o desastre de 1982 (apesar de termos vencido a Argentina naquele triangular classificatório para as semifinais, o futebol poesia perdeu para a Itália na catástrofe do Sariá). Uma final sul-americana, no primeiro campeonato no continente africano, afirma que um futebol bem jogado merece também resultados positivos.

Um 3x2 inesquecível com jogadas magistrais e uma atuação impecável dos goleiros, apesar do placar elástico para os tempos atuais. Os meninos da Vila Belmiro, leves e soltos, deslumbraram o mundo com jogadas geniais e souberam ouvir um técnico experiente, ofensivo, estudioso do futebol e que como um grande companheiro conseguiu retomar os ares idílicos de um esporte que merece ser lembrado pelas grandes jogadas e não por resultados frios.

A Argentina não perdeu o jogo. Todos nós sabíamos que o resultado seria inesperado. Nada mais exuberante que uma final de Copa do Mundo com dois times ofensivos, com dois técnicos experientes e amantes do futebol. Estes fatores só afirmam um outro futuro para esporte. Mudanças também vão acontecer na FIFA já que os técnicos das equipes vencedoras, bem como os jogadores, já iniciaram uma campanha de moralização da entidade que está envolvida em várias denúncias de corrupção e tráfico de influências. As federações brasileiras também serão atingidas por esta campanha e tudo indica que teremos uma reorganização completa destas estruturas falidas e vinculadas aos interesses dos poderosos de plantão. As primeiras medidas indicam que a Adidas, Puma e principalmente a Nike, acusadas de usar mão de obra escrava nos países asiáticos, não mais interferirão nos resultados dos jogos e na organização dos Mundiais.

Empresas que produzem lixo alimentar, como a Coca-Cola e o McDonald´s, que viciam e adoecem a população mundial, em especial às crianças, serão banidas de todas as competições oficiais de futebol. Os grandes conglomerados de TV também serão punidos com novas normas. As imagens serão abertas para qualquer transmissora que desejar repassar o sinal da Copa, em especial as TV´s comunitárias e àqueles que postam vídeos na internet.

Com essas medidas o futebol tem tudo para voltar a ser um excelente mecanismo de divulgação cultural e uma das marcas indeléveis da identidade de um povo.

Não podemos deixar de aproveitar este momento de euforia para escrever sobre a grande festa que toma conta do país do futebol. Estive na praia e solidarizei-me às milhares de pessoas que estavam na orla da cidade, embriagadas com a vitória da seleção canarinho. Acostei-me aos gritos de “É campeão!” e por um momento esqueci que amanhã é segunda-feira. Na volta para casa fui abordado por um garoto, no máximo 10 anos de idade, que me perguntou com uma voz tímida e precedida do pedido de esmola. “Ei, o Brasil ganhou um jogo, foi?”.

Realmente, este domingo poderia ter sido diferente.

Ficha Suja

Ficha suja

Do reitor, do prefeito, do secretário

Ficha suja

Aos montes no poder



Ficha suja,

Hoje limpa, esperando na fila

Para poder gozar dessa prerrogativa



Aclamados pelas urnas imundas

Ficha suja escárnio vitorioso

Escarram poder, recorrem aos plantões

Da justiça



Prova inconteste

Da fábula eleitoral

Do poder que não emana do povo

Dos corruptos construtores da sociedade

Suja



Ficha suja, compra tudo

No atacado e no varejo

Limpa todas as notas

Dó, ré, mi, fá, sol

Lá em casa, tijolo

No carro, gasolina

No emprego, consciências

Na coluna do jornal, elogios



Cargos, comissões, pressões, coação, poder



Ficha suja é status

Delinquência e verdade

Ficha suja num país imundo

É qualidade, adjetivo da obviedade

Menos no sítio do Seu Raimundo

Entranhas

Não quero me sentir anestesiado

Pelos cânticos, pelos florais

Pela palavra terapêutica



Não quero gotas de orvalho

Para aplacar minha indignação



Quero vozes ativas

Ver o suor dos corpos

Agitando esse silêncio ímpio



Quero poder contagiar

Contaminar meio mundo

Com o vírus da indignação



Em todas as paragens

Todas as pastagens

Todo gado marcado

Vítimas da sublevação



Todo povo longe

Dos templos corroídos



Que essa força essa estranha

Reverbere mundo afora

E consuma todas as entranhas

4.7.10

Paixão orgânica

Quantos pés maduros irão florir esta manhã?

Maduros corações amadurecendo em meio

Ao turbilhão



Corações verdes, amantes patentes

Batentes que ameaçam jorrar

O néctar incansável que teima

Em brotar



Terra profícua de desejos

Semeando plantações inteiras

Despojando arte, amor, alimento



Quem dera poder brotar

Sem os borrifos nefastos

Sem os tóxicos artificiais



Quem dera poder viver

Um grande amor

Sem agrotóxicos



Café da manhã

Com beijinho orgânico

Risadas diuturnas

Sem conservantes

Sexo sem látex

Feridas fechadas

Salivas alcalinas

pH estável

Sugar leite materno

Sem soja transgênica



Quem dera poder amar

Sem estabilizantes

Sem umectantes

Sem corantes

artificiais

3.7.10

Pretérito e Futuro

Chorinho que rega emoções

Mal consigo te ouvir

Envolvido que estás,

num recanto de proteção



Como é teu rostinho, teu soluço,

Teu carinho?



Que vontade de poder te acolher

Lançar um beijo que atravesse todo o horizonte,

Fazer um denguinho

Fazer um beicinho

Cantar as canções que fiz pra ninar



Com que perna chutarás a bola?

Com que mão escreverás poemas?

Que livros formarão teu caráter?

Quantas notas terão teu refrão?

E teu olhar crítico, será apurado?



Quantos beijos sublimes,

Quantas palavras de amor

Regarão teu crescer?



Teu cheirinho de bebê,

Tua puberdade,

Os primeiros amores

Passos largos, um homem



Quantas vezes sairemos

De mãos dadas, abraçados,

Conversando sobre a vida?



Quantos sonhos,

Quantos choros,

Quantos desejos,

Em comum



Beijo bebê,

Flores plantadas no pretérito

Germinarão em campos futuros

Insculpirão imagens eternas

22.6.10

Aqui jaz

Uma história inteira construída a duras penas

Escapuliu por aí

Saltou barrancos

Saiu correndo

Nem deu sinal de vida



Morreu atropelada na primeira esquina

Marcou profundamente a sanha

De uma geração inteira



O sangue corrediço

Cravou a horda por inteiro

Pintou a face de qualquer cor

Insalubre



Desmistificou o caráter

Abriu crateras

Afundou navios



Corro demais a procura

De um cadáver insepulcro

De uma esmola derradeira

De uma luz artificial



Escrito em letras graúdas

Segue em coro o epitáfio:

Aqui jaz (um)a história

13.6.10

Sobre a Copa de 2010

O cineasta italiano Pasolini dividia o futebol em prosa e poesia, tendo como referëncia a final da Copa do México em 1970. Evidentemente que a seleção canarinho, com Pelé, Tostão, Rivelino, representava a poesia do futebol e aquele jogo burocrático europeu, a prosa. Infelizmente, em 1970, o país do futebol vivia sob a batuta de milicos burocratas, assassinos do povo brasileiro e que souberam utilizar o resultado da Copa do Mundo como propaganda ideológica em favor regime ditatorial. No jogo contra o Brasil os presos políticos da época chegaram a torcer pela Tchecoslováquia, representante do bloco comunista que tanto assustava a direita reacionária da América Latina. Euforia política, e com um tom exagerado, encerrada até o instante que Pelé, magistralmente, chutou do meio do campo tentando pegar de surpresa o goleiro do país comunista – lance antológico não convertido em gol.


Desde 1990 que o maior evento futebolístico se resume a prosa. Jogos enfadonhos, poucas revelações, poucos gols, poucas jogadas magistrais. Evidentemente que não somos saudosistas daquele 10 a 1 que a Hungria emplacou em El Salvador em 1982, que gerou protesto do time salvadorenho colocando a goleada como atitude antiesportiva da equipe húngara! Ou na mesma Copa aquele jogo entre Alemanha e Áustria no qual as duas equipes, já sabendo dos resultados anteriores do grupo, combinaram o placar para que pudessem se classificar para a segunda fase – face horrenda de uma Copa com problemas de organização.

A Copa de 2010 começa com a mesma prosa que marcou os últimos eventos. Quem teve a terrível sensação de assistir França e Suíça (0x0) em 2006 e ver o time francês chegar a final do certame e agora perder seu tempo, como eu perdi, assistindo França e Uruguai (0x0), pode perceber que a promessa de uma Copa do Mundo diferenciada, por ser, pela primeira vez, em Continente Africano, caiu por terra. A média de gols dos primeiros jogos é muito baixa, o nível técnico de algumas equipes é lastimável e as grandes promessas parecem ter deixado de lado a poesia futebolística – e ainda corremos o risco de times medíocres com o da França, mas com um futebol de resultado, possam chegar ä final.

Resta-nos assistir aos programas sobre o futebol tão comuns nesta época. Entre um jogo e outro, antes de cair no sono, recomendo mudar o canal e procurar excelentes documentários como um que passou na TV SESC (Futebol e Arte) durante o enfadonho Sérvia e Gana. Quando terminou o primeiro tempo corri para preencher na minha tabela aquele 0x0 parcial, ato falho, pois ainda transcorreria o segundo momento do jogo, que para mim não representava mais nada.

No referido documentário temos um dos convidados falando sobre a opinião de Bertold Brecht sobre o espetáculo futebolístico e sua relação com o teatro. Brecht desejava uma apresentação teatral com o público gritando, xingando, opinando, da mesma forma que os torcedores se comportam nos estádios. Ah, que cena fantástica a população nas câmaras de vereadores ou nas assembléias legislativas gerando atos de manifestação irada, diferente do torpor típico desses espaços.

Na verdade a história tem mostrado que a direita e os setores reacionários tem se privilegiado dos espetáculos esportivos, vide as Copas de 1970 e 1978, bem como a Olimpíada comandada por Hitler. No nosso pequeno-vasto mundo os noticiários de TV e os tablóides dão ênfase ao espetáculo em detrimento aos acontecimentos políticos que circulam no país e no mundo. Vários órgãos públicos em greve, parlamentares em “recesso branco” (quem quiser que acredite), fantasmas no Senado são esquecidos durante quase um mês. Em contrapartida a propagando ideológica segue se aproveitando do evento. Não deixam escapar que a Coréia do Norte é esquisita, é um país fechado que nada por lá presta e que são... comunistas (ainda bem que já não comem criancinhas). Até pensei em ir ao primeiro jogo do Brasil com uma camisa vermelha, provocativa, mas tenho certeza que eu não seria compreendido pelos meus alunos e os doutos professores, lembrando que a partida é em plena terça-feira, precedida por uma reunião departamental e logo em seguida, no período noturno, aula normal.

P.S. Enfim tive que corrigir a minha tabela da Copa, Gana marcou 1x0 na Sérvia gol de... pênalti – e tome prosa!

segue tempo...

Uma lágrima qualquer derramada todo instante

Um suspiro, um sussurro

Um achaque persistente



Fruto do ato contínuo

Do olhar repentino

Da janela que não abre



Esmurro portas,

Corro dos sortilégios

Evito passar por escadas

Sufoco minhas veleidades



Nada restou no HD formatado

Vítima de ataques contínuos

Nada restou neste meio ano

Apenas destroços a colar



O tempo frágil segue galopante

Correndo feito um louco

Cheio de sandices

Homens tortos, recheiam os pratos

Que ficam sujos, cheios de imundices



Segue tempo, mostra a verdade

Para construir ações coerentes,

Persistentes e determinadas

Segue tempo, dita hora

Segue tempo, não mata a história

uma carta

Campina Grande 1 de maio de 2010.

Caro professor Lauro, me chamo (identidade preservada)*, fui aluno a Universidade Federal de Campina Grande e conheço muito bem as “sistemáticas” do poder nesta instituição. Hoje estudo na Universidade Estadual da Paraíba, (...), e atualmente ocupo a presidência do Centro Acadêmico *.

Venho por meio desta me solidarizar com o companheiro, que estar sendo perseguido por ousar ter coragem e se contrapor a camarilha insidiosa que se arraiga cada vez mais no que ainda conseguimos manter como público.

Professor, estou muito feliz com o ressurgimento da ADUFCG como ferramenta de luta, (...). Aqui se manifesta um companheiro de idéias e de batalhas por uma sociedade emancipada, justa e livre.

Em tempo, encaminho a sugestão para homenagearmos o professor Wagner Batista Braga, um dos ícones da luta docente em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade.

Sempre a disposição...

(*) Vivemos num regime de exceção, caracterizado por perseguições, assédio moral, mordaças de todo tipo, por isso optamos por preservar a identidade do companheiro.

21.5.10

Fracasso

É sempre bom ter uma relação íntima e contínua com o fracasso. Garante forças para enfrentar novos desafios.

18.5.10

Desfecho

D             E             Z             F             E             C             H             O             S

N          O           V           E           F           E           C           H           O           S

O          I          T          O          F           E          C          H          O          S

S          E          T         E         F         E          C         H         O         S

S        E         I        S        F         E          C         H         O        S

C      I      N      C      O      F       E      C      H      O      S

Q    U    A    T    R    O    F     E     C    H     O    S

T    R    Ê    S    F    E    C    H    O    S

D   O   I   S   F   E   C   H   O   S

U  M  F  E  C  H  O

DESFECHO

15.5.10

Vidas Secas na UFCG

Fui procurado pelos prestadores de serviço que trabalham na CES/UFCG/Campus de Cuité/PB, que tinham contrato de trabalho com a empresa SUPREMA e estes me relataram o seguinte:

a) que a empresa SUPREMA encerrou suas atividades com a UFCG;
b) que todos foram convocados para o auditório do CES/UFCG para assinar a rescisão contratal e o recebimento dos salários devidos, obrigações trabalhistas e a multa rescisória dos 40%;
c) que solicitaram a presença do Diretor do CES e do Prefeito Uiniversitário no auditório para acompanhar o procedimento e os mesmos não compareceram;
d) que foram formadas duas filas, na primeira fila eles assinaram um documento com os valores devidos, com a assinatura da empresa e do sindicato (que segundo eles está atrelado aos interesses patronais);
e) após a assinatura do documento se dirigiram a outra fila e recebiam, em separado, o dinheiro devido;
f) perceberam que o montante recebido era inferior ao valor constante no documento que assinaram;
g) que os responsáveis da empresa SUPREMA disseram que o valor era aquele mesmo e caso eles desejassem ser contratados futuramente pela próxima empresa (há rumores que pertence a parentes da SUPREMA) deveriam aceitar sem reclamações;
h) que foram coagidos a aceitar o valor inferior ao documento assinado;
i) como exemplo um funcionário afirmou ter assinado que receberia o valor de R$ 1.700,00 e que recebeu pouco mais de R$ 900,00;
j) que ainda sobre os valores recebidos a empresa ficou devendo parte destes (já "descontados" indevidamente), tendo os funcionários elaborado uma lista manuscrita com mais de 30 nomes e com valores que variam de R$ 559,00 a R$ 13,00 (estou de posse desta lista);
k) que a empresa SUPREMA tem dívidas anteriores e deixou de cumprir com seus compromissos ao longo do contrato, possuindo dívidas com muitos funcionários;

Solicitamos às autoridades competentes que apurem as gravíssimas denúncias,

Lauro Pires Xavier Neto
Professor da UFCG, Campus de Cuité
SIAPE 1439971

Dados da Empresa:
SUPREMA EMPREENDIMENTOS LTDA
CNPJ 08.243.787/0001-24
AV. PIAUI, 422 BAIRRO DOS ESTADOS
58091-200

Empresa atual:
GRUPO ALERTA SERVIÇOS
RUA AGAMENON MAGALHÃES, 17 - CENTRO
CAMPINA GRANDE-PB
CNPJ 04.427.309/0001-13

SINTEG (Sindicato da categoria)
No dia de acertar contas com o patrão, Fabiano “olhou as cédulas arrumadas na palma, os níqueis, as pratas, suspirou... Não tinha o direito de protestar. Baixava a crista. Se não baixasse, desocuparia a terra, largar-se-ia com a mulher, os filhos pequenos e os cacarecos. Para onde? ...Se pudesse mudar-se, gritava bem alto que o roubavam...Conformava-se, não pretendia mais nada.” Graciliano Ramos (Vidas Secas)

14.5.10

Acabei

Desejei ser revolucionário
Acabei farsante

Tentei ser popular
Acabei canalha

Supliquei pela crítica
Esqueci a autocrítica

Lutei pelas minorias
Acabei sufocado

Tropecei em meus ideais
Cai com a testa

Fui vítima e algoz
Do que combati

E agora me resta a derradeira palavra
O sono resoluto

O desejo desfeito
A palavra sussurrada

O peito aberto
A flâmula resguardada

O labirinto como esconderijo
E o soluço incontido

9.5.10

Dia de Reis

Meu coração recolhido
É fruto de um reunião
Entre o sentimento e o cerebelo
Numa deliberação tautológica
Que o deixou tolhido

Abismados, pelo, cabelo
Não aceitam tal profícuo debate
Questionam peremptoriamente
Quem de fato venceu esse combate

O ventre-livre se meteu na história
Disse que tudo deveria passar
Primeiro por ele,
Evidentemente

Não houve espaço para bílis
Refluxo, estômago ou duodeno
E neste jogo de disputa
Todos olharam para a íris

Sentimento e Coração
Aguardam propostas imediatas
De revogação

Pensam em projetos, leis
Para poder amar
Sem precisa dançar o reisado
Na véspera do dia de Reis

6.5.10

Cantilena I e II (ou Quadrilha, de Drummond)

Ricardo que é aliado de Cássio, que foi aliado de Maranhão, que é adversário de Cícero, que foi preso pela Confraria, que foi benzido por Aldo, que é aliado de Efraim, que foi PFL & Arena, que já torturou o povo brasileiro, que não aguenta mais este fim.


Ou

Ricardo que foi aliado de Maranhão, que foi aliado de Cássio, que colocou Cícero na vice de Ronaldo, que atirou em Burity, que foi biônico na Paraíba, que foi aliado da ditadura, que foi aliada do PFL, que é o partido de Efraim, que vilipendia o povo brasileiro, que não aguenta mais este fim.

3.5.10

la solitudine (Rio de Ondas, Barreiras/BA)


"La solitudine fra noi questo silenzio dentro me
è l'inquietudine di vivere la vita senza te
Ti prego aspettami perché
Non posso stare senza te
Non è possibile dividere la storia di noi due
La solitudine..."

29.4.10

Fundo do Baú, eleições de 2002

Audiência Pública em Brasília/DF - PEC 555/06

Audiência Pública sobre a PEC 555/06 relativa à extinção da contribuição previdenciária para "inativos" e pensionistas aconteceu na quarta-feira 28 de abril, no Plenário 11 da Câmara Federal - detalhe para o pronunciamento do Deputado Ivan Valente/PSOL, que juntamente com Chico Alencar/PSOL defenderam a PEC, mantendo a coerência no discurso.

O Deputado Federal Ivan Valente salientou o trabalho da CPI da Dívida Pública mostrando que o grande vilão das contas públicas não é a previdência e sim o pagamento da dívida. O Deputado socialista distribuiu o Boletim da “Auditoria Cidadã”, mostrando, entre outras coisas, que o Orçamento Geral da União de 2009 (gráfico abaixo) repassou 35,57% dos recursos arrecadados para o pagamento de juros e amortizações da dívida.

O Deputado Chico Alencar (PSOL) fez seu discurso na mesma linha que o companheiro de bancada e afirmou que quem deve arcar com o pagamento da previdência social é o Estado e não as pessoas que passaram a vida toda trabalhando e contribuindo compulsoriamente. O discurso de Chico Alencar teve a intenção de se contrapor às idéias do vice-presidente da ABIPEM (Associação Brasileira dos Institutos de Previdência Estaduais e Municipais) que defendeu que o pagamento do retroativo (caso a PEC seja aprovada) e demais despesas previdenciárias sejam captadas pelos ativos, através de um aumento na contribuição.

Os Deputados do PSOL frisaram que durante décadas os recursos da Previdência foram utilizados para outros fins, inclusive para a construção de Brasília e para a Transamazônica entre outras obras. O discurso dos deputados, e dos auditores presentes, apontou que muitos e estados e municípios apresentaram problemas fiscais nos regimes de Previdência deixando claro que muitos recursos foram usurpados do erário público por políticos de práticas questionáveis.

Discurso do Deputado Ivan Valente/PSOL sobre a PEC 555/06

Atividades em Brasília (28 de abril)

Audiência Pública sobre a PEC 555/06 sobre a extinção da contribuição previdenciária para "inativos" e pensionistas - detalhe para o pronunciamento do Deputado Ivan Valente/PSOL, que juntamente com Chico Alencar/PSOL defenderam a PEC, mantendo a coerência no discurso.

28.4.10

CPI da Dívida - reunião das entidades

Atividades em Brasília II (Relato da CPI da Dívida)

BOLETIM Nº 26 DA CPI DA DÍVIDA

APRESENTADO O RELATÓRIO FINAL DA CPI

Entidades lutam e conseguem a marcação de reunião com relator e demais deputados da CPI, para discutiro Relatório

Boletim elaborado pela Auditoria Cidadã da Dívida – www.divida-auditoriacidada.org.br

Brasília,27 de abril de 2010

Hoje, às 14:30h foi realizada a reunião de apresentação do Relatório Final da CPI da Dívida, pelo Relator, Deputado Pedro Novais (PMDB/MA). Os deputados pediram vista, ou seja, tempo para analisar o Relatório, fazendo com que o mesmo somente possa ser votado na semana que vem.
 
Importantes entidades estiveram presentes, como
ANDES/SN – Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Benedito Filho, Lauro Xavier), a UMNA - Unidade Mobilização Nacional pela Anistia (Jacques Dornellas), FEBRAFITE – Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (João Pedro Casarotto), OAB – Ordem dos Advogadosdo Brasil (Régia Brasil), ANFIP – Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (José Avelino), Pastorais Sociais/CNBB – ConferênciaNacional dos Bispos do Brasil (Magnólia Rodrigues, Delci Franzen), ASSTTRA-MP -Associação dos Servidores Técnicos em Transporte e Segurança do MinistérioPúblico da União (Laércio Reis), SINASEMPU-DF - Sindicato Nacional dosServidores do Ministério Público da União (Cristine Maia), CONIC - Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (GabrieleCipriani), SINASEFE – Sindicato Nacional dos Servidores Federais da EducaçãoBásica, Profissional e Tecnológica (Ricardo Ferreira), CONLUTAS – Coordenação Nacional de Lutas (Luiz Carlos Prates), ASMPF - Associação dos Servidores doMinistério Público Federal (Marcos Ronaldo), Auditoria Cidadã da Dívida (MariaLucia Fattorelli, Rodrigo Ávila), Daniel Bin, David Wilkerson (UnB).

O Áudio e o vídeo dareunião estão disponíveis na página http://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-temporarias/parlamentar-de-inquerito/cpidivi

Entidades lutam e conseguem a marcação de reunião com Relator e demais deputados da CPI

Conforme informado no Boletim anterior (nº 25) , as entidades entregaram ao Presidente da CPI, Deputado Virgílio Guimarães (PT/MG), Carta solicitando reunião com o Relator da CPI, Deputado Pedro Novais (PMDB/MA), e demais deputados da CPI, para discutir o Relatório Final.

Durante amanhã, as entidades percorreram os gabinetes dos deputados da CPI para solicitar apoio para a realização desta reunião. Na sessão da CPI, novamente as entidades compareceram em peso. Como resultado, vários deputados defenderam a realização desta reunião, dentre eles Ivan Valente (PSOL/SP), Paulo RubemSantiago (PDT/PE), Hugo Leal (PSC/RJ), Jô Morais (PC do B/MG) e o próprio Presidente da CPI, Virgílio Guimarães (PT/MG).

Apesar da resistência do Relator à realização da reunião – alegando que ela não estarianos termos do Regimento Interno da Câmara – a pressão dos deputados e das entidades surtiu efeito. A reunião foi marcada para terça feira, 4 de maio, às10h, no Plenário 4 do Corredor das Comissões.

Após asessão da CPI, as entidades se reuniram para definir a estratégia para esta reunião. Cada entidade deve enviar para o e-mail auditoriacidada@terra.com.brum resumo de sua apresentação até segunda feira, dia 3/5, para que possa ser melhor organizada a intervenção das entidades.

A versão integral do Relatório Final está disponível na página da Câmara dos Deputados, no endereço http://www.camara.gov.br/sileg/MostrarIntegra.asp?CodTeor=759543 .

O Relatório possui muitas deficiências, não apontando ilegalidades na dívida, e rejeitando a idéia de uma auditoria.

Atividades em Brasília



Terça-feira de muito trabalho na Comissão Nacional de Mobilização do ANDES-SN. Estivemos pela manhã no gabinete de todos os deputados federais que participam da CPI da Dívida para entregar uma carta solicitando uma reunião com várias entidades da sociedade civil para debater o relatório final da CPI. A tarde estivemos na plenária da CPI, que terminou com o agendamento da reunião com as entidades para terça-feira.

Livro em Brasília

Encontrei um dos livros que organizei em uma livraria em Brasília/DF. Tratei de colocá-lo ao lado de Paulo Freire, ficou do tamanho de nada!

Manifestações em Brasília - abril de 2010




imagens de Brasília




21.4.10

Cabo Branco

No Cabo Branco não há dialética
Não há razão aristotélica
O banho é sempre com a mesma água

Por vezes turva, por vezes turquesa

No Cabo Branco deitei, chorei e amei
Lugar de refúgio imortal,
De todos os meus casamentos
De todas as minhas separações

Muito do seu mar salgado
É composto de minhas lágrimas
Do suor e do sentimento afogado

No Cabo Branco já pensei na vida
Na morte e em todos aqueles
que um dia se foram

No Cabo Branco li poemas de Neruda
Degustei vinhos baratos
Comemorei com os amigos
Fiz luaus até o amanhecer

Mergulho profundo em suas areias
Tão brancas, de paz eterna
Mergulho nos sonhos, procuro sereias

Imagino ser sepultado nesta praia
Coberto de algas, embebido de sal
Jogado ao mar e acorrentado
Para sempre na sua limítrofe raia

20.4.10

Relato evento sobre Carreira Docente

No dia 08 de abril aconteceu no Teatro Municipal de Cuité/PB, o I Evento sobre os Planos de Cargos, Carreira e Remuneração do Curimataú Paraibano. Organizado pela ADUFCG e contando com o apoio e colaboração do SINTEP/PB, SINPUC e Associação dos Professores de Cuité, o evento aglutinou estudantes dos cursos de Licenciatura da UFCG e professores da rede pública.

Os trabalhos foram abertos com a exibição de um documentário sobre o FUNDEB, mostrando a luta da sociedade civil organizada para a aprovação do Fundo da Educação Básica. A palestra de abertura foi proferida pela professor Amauri Fragoso, tratando de maneira mais ampla sobre a conjuntura política atual e aprofundando os conceitos sobre Carreira Docente, a partir dos debates travados no GT Carreira do ANDES/SN. O professor Sizenando Leal, representando o SINTEP/PB, explanou sobre a luta recente dos professores da rede pública estadual, especificamente sobre o movimento grevista que reinvindicava, entre outras coisas, a implantação do piso salarial. Terminando os trabalhos da tarde o professor Sebastião, do Sindicato do Curimataú Paraibano (SINPUC), falou sobre as dificuldades de organização dos sindicatos na região devido às práticas “neocoronelistas” ainda em voga no interior do nordeste.

A noite o debate prosseguiu com a palestra do professor Lauro Xavier sobre as Diretrizes dos Planos de Carreira, enfocando a necessidade da valorização docente, as perspectivas de implantação da Dedicação Exclusiva na Educação Básica e a necessidade da gestão democrática na construção dos novos planos de carreira. O Vereador da cidade de Picuí/PB, Olivânio Dantas, relatou a luta dos professores da região em favor de um Plano de Carreira digno e que atendesse aos anseio dos docentes, apontando uma série de dificuldades na concretização dos projetos de lei nas câmaras municipais, entre eles a grande parte dos vereadores atrelado ao poder local e a fragilidade de organização da sociedade civil. Encerrando a noite, a presidenta da Associação dos Professores de Cuité/PB, professora Marizélia, denunciou a falta de diálogo com os professores na construção do “novo” Plano de Carreira por parte do executivo e legislativo municipal e com aprovação da Lei no dia 31 de dezembro de 2009, com todos os professores em recesso – o que trouxe uma série de prejuízos para a categoria.

15.4.10

Fornicação Literária

Nunca fui fiel aos livros
Sempre me deito com dois, três ao mesmo tempo
Corriqueiramente lambo-os, jorro o calor pueril sobre as folhas
Grudadas ficam
Esfrego todo meu tesão
Beijo, amasso, releio
Hoje pela manhã é um
À tarde estou com outro
Resplandeço com o terceiro
E assim vou me tornando mais humano
Em meio a tanta fornicação literária

14.4.10

“Calei e escrevi. Isso em reverência pela coincidência”

Acordei da hibernação para lembrar Maiakóvski. Dia 14 de abril de 1930, aos 37 anos, o jovem escritor cometeu suicídio. Em 1981, durante um debate sobre a peça “O Percevejo”, Luis Carlos Prestes tentou minimizar o ocorrido afirmando que tratou-se de um problema pessoal e íntimo. Talvez hoje seja mais difícil, do que em 1930, de perceber que pessoas engajadas politicamente não conseguem suportar o consumo exacerbado, o fetiche da mercadoria e todo tipo de lixo produzido por esse capitalismo devastador. Humanos viraram objeto, a saúde e a educação moeda de troca e a violência simbólica passeia tranquilamente sobre nossas cabeças através da imposição cultural.

Tive a sorte de conhecer Maiakóvski através de uma professora da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), durante a minha passagem por Pau dos Ferros/RN. No meio daquelas intermináveis e massacrantes reuniões departamentais, Valdilene soltava sua voz altiva e declamava Maiakóvski com o fervor patente típico daqueles que ainda acreditam na força descomunal de um poema.

Hoje, sabendo da sua morte há oitenta anos, resolvi ler o grande poeta russo. Nas livrarias encontrei apenas “O Percevejo”, considerada uma obra-prima do autor. Certamente as críticas à Nova Política Econômica (NEP) implantada na então União Soviética carecem de análise mais profunda, mas o “O Percevejo” consegue apontar o quanto uma ação econômica pode condicionar a formação humana de um indivíduo. Em tempo de avanço neoliberal e dos projetos individuais o teatro de Maiakóvski permanece atual, pena que pouco acessível ao grande público – interessado, deliberadamente, por uma cultura imposta pela classe dominante.

Perdoe-me Prestes, mas tenho clareza que realmente é insuportável verificar que os valores construídos por um sonho de uma sociedade mais humana e menos consumista sejam dilacerados por ações pequeno-burguesas, mesmo que alguns achem esses termos anacrônicos. Maiakóvski teve razão.

12.3.10

Ei Camarada,
não deu prá ir à reunião do Partido
Outros partidos careciam de remendos

Ei Camarada,
Desculpe-me a idiossincrasia
Mas o meu governo foi à bancarrota
Nesta tarde não dava prá estudar Lênin, Marx ou Mao
Pois lá em casa estava tudo tão mal

Ei Camarada,
Prometo largar as cervas pretas
E voltar ativo e forte às mesas intelectuais
Sei que nada justifica minha ausência
Mas, parafraseando o Comandante
(Correndo o risco extremo de ser piegas)
Um dito revolucionário também pode ser vítima
De um sentimento inexorável de amor

Para Gê

Prezado Gê,
Durante muito tempo não te compreendi
Prestes a ignorar tua atitude
Mas não àquela relativa à perseguição política – imperdoável
Ou aos desmandos coronelistas

Teu jardim sem begônias, orquídeas ou olgas
Foi escolha política que não concordo
Trato mesmo da postura pessoal
Do ato infame
Do ilícito em ceifar aorta e miocárdio

Gê, hoje consigo distinguir desespero
E desejo contínuo
Afirmação peremptória,
Apenas para ficar na história

28.2.10

sobre o 29o Congresso do ANDES/SN

O 29º Congresso do ANDES-SN marcou minha volta aos grandes debates do Sindicato dos Docentes das Instituições de Ensino Superior. Em 2003 participei, pela primeira e única vez, do Congresso de Teresina-PI, num momento conjuntural bem mais tenso que o atual, refletido pela vitória de Lula nas eleições presidenciais de 2002. Naquela época, as discussões estavam centradas na perspectiva, já superada, de disputar o governo por dentro o que gerou grandes divergências no interior do sindicato e polarizou o debate na capital do Piauí. Para mim, neófito nos congressos do ANDES-SN, foi uma excelente experiência, porém com um ar desconcertante de não poder contribuir amplamente com a discussão.

Rompida a atmosfera impactante do primeiro evento, me senti mais a vontade em participar das discussões do 29º Congresso, que avalio como bem mais “tranqüilo” que o de Teresina. A grande preocupação pairava sobre a necessidade de participação mais ativa da “base” de docentes nas discussões centrais do sindicato, certamente prejudicada pelo surgimento de outro sindicato, pelego e governista, que teima em confundir os docentes e retirar a força histórica de luta do ANDES-SN.
Chama a atenção a força política do Caderno de Textos, com contribuições essenciais para a articulação do ANDES-SN com os Movimentos Sociais, Movimentos Estudantis e Movimentos de Base, compreendendo a ação sindical, não como algo isolado, mas com uma presença ativa nos projetos mais amplos de transformação social.

É preciso neste momento que as teses do Congresso não se percam com o tempo, necessário aglutinar esforços para que possamos transformar em ações concretas as deliberações do 29º Congresso, especialmente nas discussões sobre a mercantilização da educação, cotas nas universidades, combate as fundações ditas de apoio, precarização do trabalho docente, fim da Dedicação Exclusiva – estes temas centrais – mas também enfrentamentos mais amplos como o investimento público em megaeventos (leia-se Copa do Mundo e Olimpíadas), políticas públicas de saúde, questões de gênero, classe e etnia etc.

22.2.10

Vicissitudes

Amanheço com o desejo de adormecer
Energia pura, segue o caminho viático
Tenho respostas, transformo em perguntas
Defino as indefinições prementes
Entro e saio com toda eloquência
Choro, rio, seco, alago
Palavras silenciosas
Risadas tristonhas
Cadáveres viventes
Desejo peremptório, reprimido
Idas, vindas, faz e desfaz a mala
Mar negro, vitiligem
Sigo em frente, de repente, marcha ré
Decido, recuo
Vicissitudes da vida, não viva

Revés

Você jocosa
Libera meu sorriso

Você junina
Brinca o São João

Você de sombrinha
Abre alas que eu quero passar

Você de banzo
Lembranças do passado

Você de mundêcia
Permite minha língua no teu corpo

Você incólume
Habeas corpus

Eu tristonho
finados,
capa-preta,
futuro,
imundo,
revel,

todo esse revés me torna sandeu

vai

Vai caminha, fala tudo
Confessa que esta manhã não adormeceu
Diz para mim que estás curado
Que já consegues enfrentar
Essa gente mal formada
Diz para mim que teu caráter
Continua altivo, atento e forte
Que não serás mais um que se vendeu
Não queiras o preço da morte
Nem dará esmolas para aplacar tua consciência

Vai diz para mim
Que teu nome ainda soa forte
Que ainda acreditas nas velhas utopias
O escorregar inconsciente foi a fraqueza
De apenas desejar continuar a ser feliz

Vai diz para mim
Que suportarás essa dor
De perder, de deixar, de abandonar
Esse vazio

Por que essa dúvida?
Por que esse desconsolo?
Se tu sabias que não irias transformar nada
No máximo será possível assistir o germe rebentar
Não há fracasso nisso

Engole tua vaidade, teu egoísmo
Libera endorfina e segue tua vida
Não se deixe adoecer nesse mórbido horizonte
Supera essa noite mais
Esquece esse medo de perder
Esquece o dia do entardecer

11.2.10

Sábado

Sábado se aproxima
Descendo as ladeiras, vem com toda força lá de cima

Sábado é unânime
Não esconde o quanto sou pusilânime

Sábado grita
Desejo patente contrita

Sábado não esmorece
Vigília diuturna que não padece

Sábado não mente
Teimosamente aparece em minha frente

Sábado de carnaval
Para o bem, para o mal

Sábado, sábado
Depois o domingo, vem bem-amado

10.2.10

súplica

Teus olhos falam mais que tua boca
Teu corpo, impactado, recebe minhas notícias
Descobre-me imperfeito, real, e duro como uma broca
Teu corpo recua, me policia

És humano, é a grande descoberta
Não é um sonho que simplesmente rebenta
És forma, cor, luz, ilusão
Ser humano por completo, sem inclusão

Teus olhos castanhos mudam de cor
Tua altura varia, por pura emoção
Minha camisa desbotada, transpira qualquer odor
Cheiro intenso, ocre, de comoção

Teu corpo carrega pedras
Transborda dúvida, te escrevo letras
Para alentar o vazio da inspiração
Teus beijos falam, imploram pela transposição

É uma batalha sem fim que gera catatonia
Afoga sentimentos, agonia
São manhãs infindáveis, respostas que não chegam
Escritos que não tardam

A felicidade é só um degrau
Neste lance infinito de subidas e descidas
E a súplica verdadeira – afasta de mim todo mal
Cura, fecha, adormece todas as feridas

Salva a nossa teimosia Máuri de Carvalho!


Produção Textual 1994 (disciplina de Português - UFPB)

6.2.10

Lançamento da candidatura de Marina Barbosa ao ANDES-SN

Fevereiro

Fevereiro, sem eiro nem beiro
Mês que você escreveu poemeiros
Mês do choreiro
Do açougueiro
Mês de pagar iptueiro
Nessa cidade cheia de bueiros

Fevereiro, carnavaleiros
Invadem os canavieiros
Entopem os ladeiros
Encharcam o látex
De espermeiros

Fevereiro, mês dos apaixoneiros
Da nova vida, dos bonequeiros
Meseiro de vinte e oiteiro
Sem eiro, nem beiro

Fevereiro, chama o roupeiro
Arruma o caseiro,
Deixa-me em pazeiro

Fevereiro, faz o listeiro
Dos vindouros sonheiros

Fevereiro, eiro

24.1.10

Passado

Sou preto e branco, sou sépia
Sou molduras barrocas, mofadas pelo tempo
Sequioso por amar o futuro
Preso à história
Voz entupida, corrompida,
Voz de prisão de ventre
Pulmões fragilizados pelo silêncio
Sou estrada passada, pretérito
Sou o outro em mim mesmo
Sequioso por encontrar felicidade

Resposta a cães covardes - do amigo Franscidavid Belmino

"Se nestes animais não há tamanha covardia
Chama-os de seres funestos, covardes, Desleais e traiçoeiros
Por que chamas de cães covardes?
Essas criaturas nefandas em suas ações
Desprezível, abjeto, infame, torpe, vil e mísero
Em busca de justiça injusta para encobrir sua podridão
Perseguidores da honradez e probidade
Humanos covardes, sim!!!
Sua inteligência está para a corrupção
Amigos por venalidade, vendidos e comprados
Falta decoro e decência a esses dejetos da maldade!!!
Abutres limpam a natureza, eles a sujam
Dos abutres eles fogem por causa de sua carniça
E da podridão de seus atos
Há animais covardes ... !!!
Sim, mantedores da alienação
Do corrupto e da opressão.
Covardes por fraqueza e
Maléficos por convicção
“Courage” camarada na luta pela transformação
Pobres cães por mais terríveis que sejam

Jamais serão tão funestos como eles são."

Franscidavid Belmino

Estranho

Não é estranho amor descolorido
Receitas de bolo sem açúcar?
Não é estranho estar só, cercado por uma multidão?
Não é estranho a solidão lutar contra a coerência numa batalha ferrenha,
Sem vencedor, nem vencido?
Não é estranho o amor querer perdurar
Num desejo infinito, apenas para a historia constar?
Não é estranho sentir saudade do futuro,
Imaginar sentimentos que virão?
Não é estranho sentir tua falta, sentir a falta do prédio, dos desejos
Que não existem mais?
Não é estranho morrer de véspera, alagar-se no verão seco,
Criar paisagens idílicas?
Não é estranho estar preso a uma canção, um bolo de milho
E a um emprego devastador?
Não é estranho necessitar da previdência, precisar criar os filhos
Que não existem?
Estranho mesmo é estar entranhado
Neste mar hipócrita, nessa chuva rala
Neste som nefasto
Estranho mesmo é continuar vivo neste turbilhão...

Cães Covardes

(à Mészaros pelo “ódio patológico” e pela “capacidade civilizatória”; à Manoel Gomes pelos “abutres”)

Cães covardes me perseguem
Farejam meus medos
Minhas provisões
Ignoram minha história
Cães covardes tão dóceis aos pés do dono
Dentes afiados, subservientes,
Querem meu sangue
Ódio patológico da liberdade
Cães covardes sem autonomia
Sem inteligência, sem vida própria
Amigos por conveniência
Ração é o que desejam
Cães covardes espalhados aos montes
Abutres em carniça,
Vermes comedores de carne podre
Mantedores da alienação,
Da opressão e do ódio
Cães covardes,
Sua capacidade civilizatória está esgotada
Mal sabem eles que transformo perseguição
Em desejo presente de continuar lutando

23.1.10

minha mania de guardar coisas - minha agenda de 1991

20 anos sem Zé Marques - "Morre-se na luta, mas a luta não morre"



"...tínhamos professores com uma visão diferenciada da realidade social, um deles me chamou a atenção. Professor José Marques (o Preguinho), militante partidário, que se fazia presente em atos em defesa do ensino público, especialmente na campanha eleitoral de 1989. Uma outra realidade começava a se construir em minha cabeça. Nessa Escola o debate político era efervescente, vestido numa roupagem das diferentes manifestações culturais, artísticas e desportivas, inseridas numa amálgama de classes sociais heterogêneas, a partir das lutas do sindicato e do grêmio estudantil. Aquele bom menino da classe média queria agora mudar o mundo!
Mas, um fato marcante daria rumo a essa história. No final de 1990, o professor Zé Marques ao retornar de uma viagem à Juru (PB) a fim de participar de uma manifestação política de professores, teve sua vida ceifada por um acidente automobilístico. O enterro de ‘Preguinho’ foi algo que me marcou profundamente, uma longa marcha invadiu o centro da capital paraibana ao som de Vandré e não saia da minha mente o sentimento altruísta de tantos lutadores do povo, que deram a vida em nome da causa."

22.1.10

Quede

Quede Vô, Quede Vó?
Que vazio naquele quarto
Quede o cuscuz, a batata com ovo e tomate?
Não mais chokitos, beijos e carinhos,
tempo inexorável, incorruptível
Cadê vocês onde estão?
Nas minhas lágrimas, no meu corpo,
Nas minhas estruturas?
Naquele quarto, agora sem penteadeira,
sem a cama, sem o guarda-roupa
Quede eu?