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21.7.10

O Silêncio, fiel companheiro

O silêncio é meu dom, meu tudo

Meu melhor amigo

Conheci o silêncio nas longas tardes

Da infância e juventude

Em todas as segundas, terças, quartas e quintas

Silencioso alaúde



O silêncio apresentou-se em formas de livros

De mudos discos

De sonhos colossais



Com o silêncio aprendi a sonhar

A amar, a ver o mar

O silêncio das ondas num verão

Num madrugar



No silêncio escuto meu choro

Ouço clamores

Ouço rufar tambores

Ouço a Palestina em coro



Certa vez o silêncio confessou-me

Que entre frestas e janelas

Farpas e cobertores

É preciso ficar mudo

Para ser ouvido



Mudo meus ares

Mudo o mundo

Mundo mudo

No silêncio de Antares



O silêncio na boca

Da Pedra da Boca

Faz rolar chorinhos

Ribanceira abaixo



E neste dilúvio de barulhos

Mesquinhos

Só o silêncio poderá dizer:

Melhor do que arrogâncias mil

Só eu mesmo para poder remendar

Desejo tão vil

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