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3.1.06

Fim (de Feira) de Carnaval

Encontrei Pedro Osmar na Feira de Jaguaribe
Uma feira, sem pé, nem cabeça
De chinelos e pregos
De frangos sem cabeças, de camarão sem cabeça
De gente sem...

Dinheiro no bolso, ante a fartura de cabeças
de alhos porós – quase esbarro, quase caio
No meio da multidão, que grita
Vende, pesa, esbarra
Ante o tomate, a cebola, o coentro
A falta de quase nada, num quase tudo
Comestível
Uma mistura de chão sujo, limpo
Meus olhos com ares de verdureiro

Enxergar o Pedro, da carne de Jaguaribe
Do Jaguaribe Carne, na feira que tudo tem
Guerrilha, resistência – fome
Prá onde vai tanta comida,
De onde vem tanta miséria?
Da música, da feira, de uma quarta
Feira de fimdecarnaval

Prá onde vai o Guerrilheiro
Carregando a cultura, na mão?
Vai sua boca, munição
Que atira nos pés calçados
Daqueles que não fazem feira
Apenas festejam a riqueza do Carnaval
De matar os outros de fome
Essa é a Feira, esse é o Pedro
Que seja sempre Osmar! Oxalá!
Que seja sempre carne,
Jaguaribe, a Feira de Guerrilhar


Frederico Linho, JPA 25/02/04

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