Não vou arredar pé
Ficarei circunscrito a esse espaço
Provinciano
Limitado pelo desejo
E por minha falta de fé
"Não comerei da alface a verde pétala"
Nem provarei esse gosto amargo de fel
Não farei inscrições indevidas
Metade de mim não será consciência rala
Farei greve de fome
Tocarei fogo em meu corpo
Mutilações mil
Mas não serei mais um homem
Que enterrará seus princípios
Meios e fins
Com caminhos não justificados
Jogados em precipícios
Não vou abrir mão
Dos meus braços, antebraços
Pés de barro
Cabelos, unhas e corrimão
Quero minha ficha corrida
Parada de amolações
Dias claros, tardes quentes
E uma noite bem dormida
Não darei bandeira
Posso até ser confundido
Com aquele homem no lixo
Meu deus, que nojeira
Mas não serei ficha suja
No meio da imundície do pátio
Posso catar lixo, com o título na mão
Doutor honoris causa
Desta vida dita cuja
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