Ser poeta na Parahyba é pau
É pedra, é um poço sozinho
Ser poeta na Parahyba é
Lau, Ró, Paulo, Pedro
É ser apóstolo no deserto
É ser poeta do satã
Ser poeta na Parahyba
É vestir o mesmo sutiã
É ser o bicho da maçã
Ser poeta na Parahyba
É declarar a rendição
É calar o grito do três oitão
É chupar sem fazer careta
Qualquer limão
E levar sorrindo um chute no cunhão
Ser poeta de verdade na Parahyba
É não ter privilégio
Não usar relógio
Casio ou Rolex
É viver em sacrilégio
Tem poeta na Parahyba
Que já foi oprimido
Hoje carrega o germe do opressor
Dai a César o que é de César
A Marx o que é de Marx
Ao povo o que é do povo
O ópio e a nota de pesar
No escurinho de outrora
A organização guerrilheira
A subversão e o ódio da porteira
A fome de cultura sem hora
Ser poeta na Parahyba é
E sempre foi
Fazer parte do grupo de elite
É ter fome exasperada
Em nome de qualquer deleite
Ser poeta na Parahyba
É morrer sem rima
(Frederico Linho)
Um comentário:
Muito bom, Lauro! Um verdadeiro poemanifesto. Abs. Lau
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