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22.10.14

Inerme

O sol esta manhã iluminou mais uma encruzilhada histórica
Releio notícias velhas tão novas que causam espanto
Inerme procuro nos autos mais e mais argumentos

Gente séria [e não tão séria] define o tom do debate
As ruas vazias estão cheias de santinhos que voam sem compromisso
As ruas vazias calam frente ao berro das urnas

Mais uma vez o santo demônio desintegra quem não crê no céu e no inferno
Milhões sangram e não são considerados válidos
Milhões estão em abstinência, são brancos, negros insatisfeitos, nulos pelo sistema

A ordem mundial segue [quase] incólume
Os bombardeios prosseguem, os trabalhadores explorados continuam cabisbaixos, a missa é pontual como sempre

O céu e o inferno definem como devemos agir
O outubro vermelho desbota-se num botão verde [encarnado de verdade]
Poemas sujos estão tão limpos que dão nojo

Jovens desconhecem os broches com a imagem de Vladimir
Tecem longos comentários
Afirmam ter tv, casa própria, iogurte
Chamam qualquer teoria de ortodoxa
E continuam gerando mais-valor de 8h às 18h

Chamam de sem fronteiras o ideário ianque
Os universitários sentados em privadas, reafirmam o pensamento dominante
As alianças espúrias, os velhos lobos no poder
Ladainhas do dia-a-dia

Mas amanhã vou para a rua, varrer santinhos do pau oco
Ovacionar a classe [deliberadamente] adormecida, combater a tragédia desse vazio eleitoral

Mesmo que o sol se ponha silencioso e recomece a cantilena noutro dia

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