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26.10.14

Domingo

Um leito viscoso corre sobre minha sombra denegrida. Encobre paisagens e desfruta do horror matinal.

Amanhã é domingo e este pasto seco deixado pelas larvas amorfas demorará a se reconstituir. Não há bom sujeito que dure sem ser tomado pelo ódio tenobroso desse rio imundo que deságua em mares infindos.

Os jornais e revistas desencontrados em bancas, antes explodidas pelos verdugos da morte, dilaceram a opinião coletiva. Não escuto ressoar o canto lírico do bem-te-vi, quedou mudo no pasto seco.

Meus olhos ardem, o horizonte ficou mais distante. Ainda não sei como irei transpor esse domingo pedregoso, mas há uma certeza dizendo que é preciso [...].

Mas não adianta. Carreatas, comícios e discursos, com volume acima da média, ensurdeceram a plateia. É preciso esperar a segunda-feira raiar.      

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