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7.9.14

Para Joselúcia

No nosso último encontro em terras baianas você comentou como eu estava magrinho. Sigo magrinho, feinho, feito Fabiano, em Vidas Secas, que ao contar os trocados recebidos do patrão constatou que a exploração era tão cruel quanto o engodo da democracia neste sistema. Os cambitos combinam com os parcos recursos da educação, finos e incrustados nesta tênue linha entre a miséria e a insensibilidade patente dos gestores. Sigo catando restos de vida, tentando apaixonar gente para a luta e me indignando dia após dia. Talvez por isso dez quilos esvaíram porta afora, sem pedir licença. Na feira encontrei dois amigos de longa data, igualmente macérrimos, contando doenças e descasos. Por isso, resolvi correr contra o tempo e assim não deixar para amanhã as batalhas de hoje. Sigo saudoso das terras do velho Jorge, mas, apimentado que sou, enraizei-me em terras paraibanas que, antes de comerem meus olhos, sentirão todo ardor que poderei exalar enquanto eu sentir o cheiro do vilipêndio atroz desses gestores desumanos.

Agradeço o teu olhar puro que ainda enxerga a beleza neste rosto uva-passa,

saudades,

Lauro

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