No nosso último encontro em terras baianas você comentou como eu estava magrinho. Sigo magrinho, feinho, feito Fabiano, em Vidas Secas, que ao contar os trocados recebidos do patrão constatou que a exploração era tão cruel quanto o engodo da democracia neste sistema. Os cambitos combinam com os parcos recursos da educação, finos e incrustados nesta tênue linha entre a miséria e a insensibilidade patente dos gestores. Sigo catando restos de vida, tentando apaixonar gente para a luta e me indignando dia após dia. Talvez por isso dez quilos esvaíram porta afora, sem pedir licença. Na feira encontrei dois amigos de longa data, igualmente macérrimos, contando doenças e descasos. Por isso, resolvi correr contra o tempo e assim não deixar para amanhã as batalhas de hoje. Sigo saudoso das terras do velho Jorge, mas, apimentado que sou, enraizei-me em terras paraibanas que, antes de comerem meus olhos, sentirão todo ardor que poderei exalar enquanto eu sentir o cheiro do vilipêndio atroz desses gestores desumanos.
Agradeço o teu olhar puro que ainda enxerga a beleza neste rosto uva-passa,
saudades,
Lauro
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