Tenho certeza que ele existiu. Seu nome constava na frequência dos professores e, apesar de não haver registros fotográficos, pois era avesso a qualquer ato da coletividade, Bertran não foi uma figura derivada de passagens oníricas do ensino médio.
De fato, não há registros nas redes sociais, nem consigo encontrá-lo nos sítios de busca e muito menos vê-lo em lugares públicos. O fato é que ele pouco conversava nos intervalos, nunca foi visto nos pontos de ônibus e aquela marca misteriosa causava furor entre as garotas que a todo tempo fingiam desejo, apenas para enquadrar mais um da turma na lista dos intransponíveis.
Lembro dele nas aulas de Eletricidade Básica. Elogiadíssimo pelo temido e carrancudo professor, graças a um trabalho de magnetismo realizado em seu laboratório particular instalado em sua própria residência.
Adorava linguagem de programação e dominava, como ninguém, o natimorto Basic, além de Clipper, Pascal e Fortran.
Claro, eureca, Bertran deve ter sido uma variação do Fortran, alguma criação de um gênio que construía hologramas a partir das finadas linguagens de programação. Tudo aquilo era virtual e durou o tempo exato de três anos correspondentes ao ensino médio.
Betran C+ deveria ser o pseudônimo de uma figura randômica e efêmera, o projeto de algum cientista do século XX laureado pelo Nobel das Ciências Exatas.
Sei que ele não foi o único abduzido daquela turma do curso de eletrônica da Escola Técnica, mas, enquanto não houver vestígios do sujeito manterei esta tese como irrefutável.
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