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12.12.13

Zé da Penha

Vixe, hoje eu lembrei do menino Zé da Penha
Que vinha lá das cincos bocas de Mandacaru
Era daquele tipo, cheio da resenha
Jogava bola com a gente, entre o lixo e o urubu

Naquele campinho cheio de pedra vizinho a EMLUR
De um lado o cemitério, do outro a Zona Sul
Vinham todas as tribos, todos os meninos descalços,
Repletos de panos brancos, jogavam nos nossos encalços

José da Penha, era mais um menino sem bola
E jogava no nosso time de camisa sem gola
Sua mãe deveria trabalhar nas casas da vizinhança tonta
E a noite dançava no Pé de Ouro, depois da janta ficar pronta

Eu menino burguês, dono da bola, de escola, kichute e cartilha
Nada entendia como podia jogar tão bem quem não lia
Às vezes achava que aquilo tudo era uma ilha
E que no fundo tudo acabaria em poesia

Vixe era mais um Zé lá na Paraíba que parecia um nordestinado
Menino esperto, jogador de pé esfolado
Que vi muitas vezes esfomeado
Querendo engolir quem dissesse que tudo isso era predestinado

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