Eu não quero ser ninguém
Enquanto um outrem
Não souber nem assinar o nome
Eu não quero ser doutor
Enquanto houver submundo de dor
E crianças fora da creche sem pronome
Eu não quero ser burguês
Enquanto meio mundo é freguês
Da estação sem codinome
Eu não quero ser mais um pária
Nesse país sem pátria
Com essa angústia que me consome
Eu não quero ser isso ou aquilo
Taxado, vendido a quilo
Esquartejado, meu corpo some
Eu só quero ser a alegria
De uma noite tardia
De um coletivo que tudo come
[sem fome]
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