Páginas

29.11.09

A Jornada

começar uma jornada é poder compreender ainda mais quem eu sou
compreender a mim mesmo
é poder olhar o outro
poder sentir a dor do outro
sentir a felicidade do outro

poder estar desatado de todos os nós que nos rodeiam
é poder compreender o que é a vida
o amor
a rotina
a passagem

é poder se olhar face a face
se encontrar em si mesmo

é poder viver plenamente o direito de sentir
é não escamotear sentimentos
é sentir que talvez não mais voltarei
mas que também poderei voltar mais humano

seguir esta jornada é poder gritar bem alto
é deixar fluir esse sentimento que me consome
é olhar a vida com olhos verdadeiros

é quebrar os rótulos, as rotinas, os paradigmas
é sentir frio, medo, angústia
é poder dormir este sonho com gosto de quero mais

é poder compreender que esta jornada é apenas mais uma
dentre tantas jornadas que um dia terão fim
é poder entregar-me plenamente a este amor por mim mesmo
pelos outros
pela vida

é estar acordado sonhando
é poder ver o sol nascer, amando
é não compreender o incompreensível

é não sentir remorso

resta-me arriscar esta caminhada
fechar os olhos e deixar o destino me levar
e simplesmente torcer para que na volta
a cama esteja arrumada, o lençol trocado
os travesseiros a postos
e meu amor ainda esteja em mim

28.11.09

ler tem me tornado mais humano...

22.11.09

Macondo

Macondo é aqui
Macondo não é Bogotá, nem Jampa, nem Medellín

Macondo são os destroços dos sonhos construídos
Por gerações a fio

São as aberrações ordinárias por ordem de
São casas pintadas da mesma cor
Que resistem as imposições locais

Macondo foi o sonho da minha geração
Um lugar decente para plantar, sorrir, cantar

Foi uma casinha de varanda,
Com bois, vacas, galinhas
Foi a melancolia que tanto sonhei

Macondo inundou-se em promiscuidade
Em notas trocadas por sexo
Em um não fazer cotidiano

Macondo suprimiu muita gente
Arrasou desejos
Amordaçou as minorias
Sucumbiu em desatinos

Um lugar de veleidades
Quimeras inconclusas
Livros por escrever

Macondo não é um lugar mau
Tornou-se inóspito pela graça
Malfadada de seres egoístas
Ou neófitos convencidos ao acaso

Aqui já foi minha paragem
Tornou-se, agora, meu algoz
Macondo não deveria mais existir

Uma chuva de consciência
Carece destruir, com furacões ferozes,
A última saga de uma geração

E fazer rebentar outra massa
Outro pão,
Um verdadeiro alimento de libertação

13.11.09

surto de realidade

Os encontros juvenis estão tão velhos
e passados
Não encontro mais a turma nos passeios
pela cidade
Enraizado nesta urbe, me alimento
com as fotos antigas
Recomeço minha vida a cada instante

Sonhos antigos embolorados
por sujeitos cretinos
Paisagens esverdeadas, num frio
de quarenta graus

Cercado, perseguido,
Pressinto o perigo se aproximando
Nuvens escalonadas afastam o perigo

Não devo e não pago
Quem deve é quem deve
pagar

Percebo o sulco em minha alma
Desperto a meia noite
E sigo sem sentir
As manhãs com manhas
Desejos e espelhos

Todos os herois morreram em combate
Mas eles continuam vivos,
Na estante lá de casa

Absorto, torno-me uns e outros
Até o primeiro surto de realidade

1.11.09

esta noite caiu

espremi
contorci
gemi
gritei
chorei
amei
me iludi

mas, esta noite c
....................a
..................i
................u
sem ao menos um
poema