Terceirizar um poema
é retirar sua essência
Deixá-lo sem voz
Usurpá-lo do mais belo
Terceirizar um poema
é não deixá-lo articular
Com a prosa e o verso
Sem rima, nem métrica
Terceirizar um poema
é ofertá-lo o cálice
Silencioso e amargo
É pagar meia entrada
Meio salário
Salário e meio
É saldar dívidas do patrão
Mas a voz reprimida
Dialeticamente
Enche os pulmões
Torna-se voz expandida
Cada gota de repressão
Um ressoar consistente
Uma indignação patente
Uma organização latente
Fora patrão que terceiriza
Nossos sonhos
Que nos oprime
Que nos torna celetistas
Num mundo estatutário
Um poema terceirizado
É amorfo
Mofado
É a estratégia de amortização
De sonhos vindouros
Viva o poema livre
Sem patrão, sem opressão
Viva o salário justo
Sem remendos
Divagações
Ou digressões
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