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13.4.21

Não é por cento e poucos reais... é por dignidade

 Não é por cento e poucos reais... é por dignidade


*Frederico Linho


Dignidade, “qualidade moral que infunde respeito, consciência do próprio valor”. Não há dúvida que os professores neste país procuram tornar a palavra dignidade em algo concreto, labutam diariamente pela formação de gerações na esperança de dias melhores. Não há caminho sem a presença dos professores, não há caminho sem professores de cabeça erguida, dignos do seu trabalho.

Há quem pense que a labuta é apenas em sala de aula, porém, a luta diária por dignidade ultrapassa o espaço escolar e se configura numa batalha encarniçada por melhores condições de trabalho. Parece uma cantilena, uma narrativa monótona, deliberadamente repetida com o intuito de adormecer os trabalhadores em educação. Mas não há cansaço quando a luta é por dignidade.

É indigno desprezar o trabalho de formação de um professor, é indigno rebaixar sua formação à patamares inferiores aos anos de estudos e dedicação. Sim, acreditem, professores passam anos na universidade, assim como médicos, engenheiros e advogados. Não à toa o Plano Nacional de Educação, em sua Meta 17, precisou gritar: “valorizar os (as) profissionais do magistério das redes públicas de educação básica de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos (as) demais profissionais com escolaridade equivalente”.

É inimaginável pensar que um professor formado em nível superior seja enquadrado numa carreira inferior à sua formação. É inimaginável pensar que um professor com pós-graduação tenha que amargar três anos sem poder receber proventos equivalentes a seus esforços acadêmicos. Esta última maldade está referendada em vários Planos de Carreira, a primeira maldade está sendo articulada em algumas redes municipais de ensino sem respaldo jurídico.

A tal propalada valorização do magistério não pode ser uma frase bonita num Plano de Carreira, tem que ser ação efetiva, mesmo que isso garanta cento e poucos reais a mais no bolso do professor. Cento e poucos reais é o que separa um professor formado em nível médio (Magistério) de um professor formado em nível superior. Mas não é, apenas, por cento e poucos reais, é por dignidade. Dignidade para ser valorizado enquanto professor, enquanto sujeito histórico que passou anos estudando e que não merece ser humilhado e rebaixado por ações equivocadas de gestores de plantão.


Não é por cento e poucos reais, é por dignidade.

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