Páginas

1.6.15

Labirinto




 “- Carajo! – suspirou. – Como vou sair desse labirinto?”
(O general em seu labirinto. Gabriel Garcia Márquez.)

Em cada quadra um relógio
Cada qual com sua hora
seu ponteiro, sua mentira

A Rua Rodrigues de Aquino parece interminável
Parece circular com seus labirintos políticos
Cada quadra um fim
e um recomeço

O carteiro se perdeu
O rapaz que lava carro ficou estático
O homem do fiteiro forma opiniões
A porta de vidro antevê o presente
A passeata segue lúgubre

Carros e mais carros anunciam que todos têm pressa
Inclusive a violência que tocou a campainha às nove da manhã
Militantes com suas bandeiras tocam tambores do dissabor
desafinados pela ordem corrosiva das alianças esdrúxulas

Melhor era ter nascido anos atrás
Clandestino nas células da resistência
Entregue ao tempo e à luta
Distante deste labirinto temporal

Nenhum comentário: