Não era um cavaleiro diletante
Era apenas meu aluno, um cavalo e uma carroça
cheia de papelão
O ganha pão de um menino transformado em homem
Era apenas um aluno, distorção idade-ano
estudava no quarto ano fundamental
Era apenas um aluno
quinze anos
Ensinando o fundamental da vida
[a sobrevivência]
Na falta da infância
das letras
da família
da comida
Seguia roto nos descaminhos da vida
Gritou por mim: - professor!
Lembrei do dia em que pediu para repetir o suco
Poucas goiabas naquela merenda esquálida
E teve como resposta uma negativa seca
Tão esvaziada quanto seu estômago
Era mais um aluno que ensaiava durante as aulas
Capoeira, mata-leão, golpes afins
Com o objetivo de combater o aparelho repressivo
Não me caberia repreendê-lo
tornei-me seu discípulo
nesse árdua batalha pela sobrevivência
Nenhum comentário:
Postar um comentário