despertenço a esse lugar inóspito
chamado de universidade
crivado de seres ignóbeis
mal amados
criaturas infames
crivados de cifrões
por todos os lados
vaidosos e impertinentes
seres fechados ao debate
aos livros raros
à bela poesia
ao bom desfecho
seres infeccionados
pelos vírus purulento
da discórdia
plantam ódio, mentiras
infâmias
enquanto aplaudidos
pelos bajuladores de plantão
os abutres venceram -
não mais pertenço a esse ambiente
hostil
pois, rogo um dia
flores despetaladas
bombardearem todos os campi
inundarem de orvalho
todo o campo dos doutos
produtores de gases lacrimogêneos
28.7.10
24.7.10
HORÁRIO POLÍTICO 2010
Candidatos empertigados
+
Discursos monocórdios
+
Verborragias que tilintam
+
Idiossincrasias eletivas
+
Ignomínias aos montes
____________________
= Horário Político 2010
21.7.10
O Silêncio, fiel companheiro
O silêncio é meu dom, meu tudo
Meu melhor amigo
Conheci o silêncio nas longas tardes
Da infância e juventude
Em todas as segundas, terças, quartas e quintas
Silencioso alaúde
O silêncio apresentou-se em formas de livros
De mudos discos
De sonhos colossais
Com o silêncio aprendi a sonhar
A amar, a ver o mar
O silêncio das ondas num verão
Num madrugar
No silêncio escuto meu choro
Ouço clamores
Ouço rufar tambores
Ouço a Palestina em coro
Certa vez o silêncio confessou-me
Que entre frestas e janelas
Farpas e cobertores
É preciso ficar mudo
Para ser ouvido
Mudo meus ares
Mudo o mundo
Mundo mudo
No silêncio de Antares
O silêncio na boca
Da Pedra da Boca
Faz rolar chorinhos
Ribanceira abaixo
E neste dilúvio de barulhos
Mesquinhos
Só o silêncio poderá dizer:
Melhor do que arrogâncias mil
Só eu mesmo para poder remendar
Desejo tão vil
Meu melhor amigo
Conheci o silêncio nas longas tardes
Da infância e juventude
Em todas as segundas, terças, quartas e quintas
Silencioso alaúde
O silêncio apresentou-se em formas de livros
De mudos discos
De sonhos colossais
Com o silêncio aprendi a sonhar
A amar, a ver o mar
O silêncio das ondas num verão
Num madrugar
No silêncio escuto meu choro
Ouço clamores
Ouço rufar tambores
Ouço a Palestina em coro
Certa vez o silêncio confessou-me
Que entre frestas e janelas
Farpas e cobertores
É preciso ficar mudo
Para ser ouvido
Mudo meus ares
Mudo o mundo
Mundo mudo
No silêncio de Antares
O silêncio na boca
Da Pedra da Boca
Faz rolar chorinhos
Ribanceira abaixo
E neste dilúvio de barulhos
Mesquinhos
Só o silêncio poderá dizer:
Melhor do que arrogâncias mil
Só eu mesmo para poder remendar
Desejo tão vil
12.7.10
11.7.10
Este domingo poderia ter sido diferente
Fim da Copa. Com uma atuação fantástica dos craques brasileiros conseguimos conquistar o hexacampeonato mundial. A vitória sobre a Argentina foi incontestável, apesar de los hermanos mostrarem um futebol de alto nível. Nossos jogadores desfilaram no campo e finalmente o futebol arte vingou o desastre de 1982 (apesar de termos vencido a Argentina naquele triangular classificatório para as semifinais, o futebol poesia perdeu para a Itália na catástrofe do Sariá). Uma final sul-americana, no primeiro campeonato no continente africano, afirma que um futebol bem jogado merece também resultados positivos.
Um 3x2 inesquecível com jogadas magistrais e uma atuação impecável dos goleiros, apesar do placar elástico para os tempos atuais. Os meninos da Vila Belmiro, leves e soltos, deslumbraram o mundo com jogadas geniais e souberam ouvir um técnico experiente, ofensivo, estudioso do futebol e que como um grande companheiro conseguiu retomar os ares idílicos de um esporte que merece ser lembrado pelas grandes jogadas e não por resultados frios.
A Argentina não perdeu o jogo. Todos nós sabíamos que o resultado seria inesperado. Nada mais exuberante que uma final de Copa do Mundo com dois times ofensivos, com dois técnicos experientes e amantes do futebol. Estes fatores só afirmam um outro futuro para esporte. Mudanças também vão acontecer na FIFA já que os técnicos das equipes vencedoras, bem como os jogadores, já iniciaram uma campanha de moralização da entidade que está envolvida em várias denúncias de corrupção e tráfico de influências. As federações brasileiras também serão atingidas por esta campanha e tudo indica que teremos uma reorganização completa destas estruturas falidas e vinculadas aos interesses dos poderosos de plantão. As primeiras medidas indicam que a Adidas, Puma e principalmente a Nike, acusadas de usar mão de obra escrava nos países asiáticos, não mais interferirão nos resultados dos jogos e na organização dos Mundiais.
Empresas que produzem lixo alimentar, como a Coca-Cola e o McDonald´s, que viciam e adoecem a população mundial, em especial às crianças, serão banidas de todas as competições oficiais de futebol. Os grandes conglomerados de TV também serão punidos com novas normas. As imagens serão abertas para qualquer transmissora que desejar repassar o sinal da Copa, em especial as TV´s comunitárias e àqueles que postam vídeos na internet.
Com essas medidas o futebol tem tudo para voltar a ser um excelente mecanismo de divulgação cultural e uma das marcas indeléveis da identidade de um povo.
Não podemos deixar de aproveitar este momento de euforia para escrever sobre a grande festa que toma conta do país do futebol. Estive na praia e solidarizei-me às milhares de pessoas que estavam na orla da cidade, embriagadas com a vitória da seleção canarinho. Acostei-me aos gritos de “É campeão!” e por um momento esqueci que amanhã é segunda-feira. Na volta para casa fui abordado por um garoto, no máximo 10 anos de idade, que me perguntou com uma voz tímida e precedida do pedido de esmola. “Ei, o Brasil ganhou um jogo, foi?”.
Realmente, este domingo poderia ter sido diferente.
Ficha Suja
Ficha suja
Do reitor, do prefeito, do secretário
Ficha suja
Aos montes no poder
Ficha suja,
Hoje limpa, esperando na fila
Para poder gozar dessa prerrogativa
Aclamados pelas urnas imundas
Ficha suja escárnio vitorioso
Escarram poder, recorrem aos plantões
Da justiça
Prova inconteste
Da fábula eleitoral
Do poder que não emana do povo
Dos corruptos construtores da sociedade
Suja
Ficha suja, compra tudo
No atacado e no varejo
Limpa todas as notas
Dó, ré, mi, fá, sol
Lá em casa, tijolo
No carro, gasolina
No emprego, consciências
Na coluna do jornal, elogios
Cargos, comissões, pressões, coação, poder
Ficha suja é status
Delinquência e verdade
Ficha suja num país imundo
É qualidade, adjetivo da obviedade
Menos no sítio do Seu Raimundo
Do reitor, do prefeito, do secretário
Ficha suja
Aos montes no poder
Ficha suja,
Hoje limpa, esperando na fila
Para poder gozar dessa prerrogativa
Aclamados pelas urnas imundas
Ficha suja escárnio vitorioso
Escarram poder, recorrem aos plantões
Da justiça
Prova inconteste
Da fábula eleitoral
Do poder que não emana do povo
Dos corruptos construtores da sociedade
Suja
Ficha suja, compra tudo
No atacado e no varejo
Limpa todas as notas
Dó, ré, mi, fá, sol
Lá em casa, tijolo
No carro, gasolina
No emprego, consciências
Na coluna do jornal, elogios
Cargos, comissões, pressões, coação, poder
Ficha suja é status
Delinquência e verdade
Ficha suja num país imundo
É qualidade, adjetivo da obviedade
Menos no sítio do Seu Raimundo
Entranhas
Não quero me sentir anestesiado
Pelos cânticos, pelos florais
Pela palavra terapêutica
Não quero gotas de orvalho
Para aplacar minha indignação
Quero vozes ativas
Ver o suor dos corpos
Agitando esse silêncio ímpio
Quero poder contagiar
Contaminar meio mundo
Com o vírus da indignação
Em todas as paragens
Todas as pastagens
Todo gado marcado
Vítimas da sublevação
Todo povo longe
Dos templos corroídos
Que essa força essa estranha
Reverbere mundo afora
E consuma todas as entranhas
Pelos cânticos, pelos florais
Pela palavra terapêutica
Não quero gotas de orvalho
Para aplacar minha indignação
Quero vozes ativas
Ver o suor dos corpos
Agitando esse silêncio ímpio
Quero poder contagiar
Contaminar meio mundo
Com o vírus da indignação
Em todas as paragens
Todas as pastagens
Todo gado marcado
Vítimas da sublevação
Todo povo longe
Dos templos corroídos
Que essa força essa estranha
Reverbere mundo afora
E consuma todas as entranhas
6.7.10
4.7.10
Paixão orgânica
Quantos pés maduros irão florir esta manhã?
Maduros corações amadurecendo em meio
Ao turbilhão
Corações verdes, amantes patentes
Batentes que ameaçam jorrar
O néctar incansável que teima
Em brotar
Terra profícua de desejos
Semeando plantações inteiras
Despojando arte, amor, alimento
Quem dera poder brotar
Sem os borrifos nefastos
Sem os tóxicos artificiais
Quem dera poder viver
Um grande amor
Sem agrotóxicos
Café da manhã
Com beijinho orgânico
Risadas diuturnas
Sem conservantes
Sexo sem látex
Feridas fechadas
Salivas alcalinas
pH estável
Sugar leite materno
Sem soja transgênica
Quem dera poder amar
Sem estabilizantes
Sem umectantes
Sem corantes
artificiais
Maduros corações amadurecendo em meio
Ao turbilhão
Corações verdes, amantes patentes
Batentes que ameaçam jorrar
O néctar incansável que teima
Em brotar
Terra profícua de desejos
Semeando plantações inteiras
Despojando arte, amor, alimento
Quem dera poder brotar
Sem os borrifos nefastos
Sem os tóxicos artificiais
Quem dera poder viver
Um grande amor
Sem agrotóxicos
Café da manhã
Com beijinho orgânico
Risadas diuturnas
Sem conservantes
Sexo sem látex
Feridas fechadas
Salivas alcalinas
pH estável
Sugar leite materno
Sem soja transgênica
Quem dera poder amar
Sem estabilizantes
Sem umectantes
Sem corantes
artificiais
3.7.10
Pretérito e Futuro
Chorinho que rega emoções
Mal consigo te ouvir
Envolvido que estás,
num recanto de proteção
Como é teu rostinho, teu soluço,
Teu carinho?
Que vontade de poder te acolher
Lançar um beijo que atravesse todo o horizonte,
Fazer um denguinho
Fazer um beicinho
Cantar as canções que fiz pra ninar
Com que perna chutarás a bola?
Com que mão escreverás poemas?
Que livros formarão teu caráter?
Quantas notas terão teu refrão?
E teu olhar crítico, será apurado?
Quantos beijos sublimes,
Quantas palavras de amor
Regarão teu crescer?
Teu cheirinho de bebê,
Tua puberdade,
Os primeiros amores
Passos largos, um homem
Quantas vezes sairemos
De mãos dadas, abraçados,
Conversando sobre a vida?
Quantos sonhos,
Quantos choros,
Quantos desejos,
Em comum
Beijo bebê,
Flores plantadas no pretérito
Germinarão em campos futuros
Insculpirão imagens eternas
Mal consigo te ouvir
Envolvido que estás,
num recanto de proteção
Como é teu rostinho, teu soluço,
Teu carinho?
Que vontade de poder te acolher
Lançar um beijo que atravesse todo o horizonte,
Fazer um denguinho
Fazer um beicinho
Cantar as canções que fiz pra ninar
Com que perna chutarás a bola?
Com que mão escreverás poemas?
Que livros formarão teu caráter?
Quantas notas terão teu refrão?
E teu olhar crítico, será apurado?
Quantos beijos sublimes,
Quantas palavras de amor
Regarão teu crescer?
Teu cheirinho de bebê,
Tua puberdade,
Os primeiros amores
Passos largos, um homem
Quantas vezes sairemos
De mãos dadas, abraçados,
Conversando sobre a vida?
Quantos sonhos,
Quantos choros,
Quantos desejos,
Em comum
Beijo bebê,
Flores plantadas no pretérito
Germinarão em campos futuros
Insculpirão imagens eternas
Assinar:
Postagens (Atom)