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16.10.10

Meus (silenciosos) gritos


Sou laico, sou largo, sou escuro
Sem maniqueísmo, sem palidez, sem amarras
Espaçoso, expansivo, desastrado

Sofro todo dia
Choro toda noite
Rogo todo instante

Sorrio vez em quando
Atraso quase nunca
Cobro-me cada segundo

Adoro a solidão
O silêncio
A expressão

Adoro bons livros
Bons amigos
Bondades mil

Desejo altruísmos
Ações concretas
Que reverberem em sismos

Abalos terrestres
Cavalgadas equestres
Beijos sem cismas

Acredito no mar
Nos poemas
Nas tuas pernas

Acredito que é possível apagar a luz e ver o mundo
Com o calor dos escritos
Com as mãos calejadas
Sem a mordaça que me aprisiona
Com o torpor dos meus inertes
gritos

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