Esta é a semana para inscrição de candidatos para Diretor Geral do CEFETRN e Diretor das Uned´s. Nesses últimos oito anos de funcionalismo público participei de processos eleitorais para Reitor na UESB e na UERN. As duas experiências foram repletas de "fortes" emoções, que eu espero não assistir nesse processo do CEFETRN. O diferencial é que nas duas universidades, trabalhei em Campi Avançados e não existia o processo de escolha de "Reitor" geral e "Reitor" local, o que, de certo modo, retirava a tensão peculiar do processo eleitoral que ficava concentrada no Campus Central. O processo eleitoral na UESB foi muito tenso. Existiam três candidaturas: uma de situação ligada ao PT/PCdoB, outra de oposição ligada ao carlismo e uma terceira de oposição às duas (mais à esquerda). O interessante naquele processo era a possibilidade do voto "camarão", ou seja, podíamos votar no Reitor de uma chapa e no vice-reitor de outra. Havia um acordo, entre os candidatos, para que a paridade dos votos prevalecesse como escolha decisória da consulta, mas seriam apurados os votos em todas as modalidades possíveis: proporcionalidade, paridade e voto universal.
Com a campanha na rua, os ataques, as blasfêmias e todo tipo de artifícios eram utilizados pelos candidatos e seus adeptos, afinal estava no páreo uma luta histórica contra o carlismo e, invariavelmente, os candidatos vencedores seriam os futuros deputados estaduais da região (o que se confirmaria posteriormente). Como optei pelo voto camarão, gerei uma celeuma dentro do grupo de trabalho que eu pertencia. Acreditei nas propostas da candidata a reitora mais à esquerda e, naquela época, ainda estava vinculado ideologicamente ao PCdoB, gerando uma relação quase institucional com a candidata à vice-reitora na outra chapa. Tempos difíceis... Essa atitude deixou-me desconfortável nos dois flancos, pois qualquer agremiação, num processo eleitoral altamente politizado como aquele, necessitava de apoios incondicionais. Porém, tentei manter a coerência política e isto me custou a amizade de bons profissionais, que não conseguiam distinguir o processo eleitoral (e suas incongruências) das relações no ambiente de trabalho.
Não sei se a última dor é a que sempre dói mais. A eleição para Reitor da UERN foi um processo muito desgastante. Quem conhece um pouco da história da instituição sabe dos problemas institucionais que ela carrega, e o antigo reitor era figura ímpar nos quadros reacionários de uma universidade que precisa muito aprender os conceitos de democracia e liberdade. Fazer oposição na UERN é quase como ser compreendido como um inimigo mortal dos mandatários do poder. Sendo oposição e perdendo as eleições, serás para sempre desapropriado de qualquer possibilidade de crescimento profissional. Mas, os riscos existem para serem corridos e não podemos abdicar de nossos ideais, mesmo que para isso exista o preço da perseguição política. Atirei-me ao processo eleitoral e juntei-me ao grupo de oposição. Debatemos propostas, escrevemos textos – exposição ao máximo. As urnas falaram o já esperado e o candidato de situação foi eleito, prometendo não perseguir ninguém, oferecendo inclusive uma Pró-Reitoria para os “derrotados”, o que para mim foi uma incoerência sem tamanho do grupo de oposição.
Nesses dois processos vi de tudo. As tentativas de candidaturas “laranjas”, expostas apenas para filtrar os votos da oposição. Uma atitude inescrupulosa e sem princípios éticos que deve ser abominada por aqueles que se dizem democráticos; A cooptação de discentes, utilizados inclusive como “bucha de canhão”, metralhadoras ambulantes a serviço de um dado candidato; A eterna confusão entre discutir idéias e querer “tomar” o cargo de outrem, nivelando o debate por baixo e afastando, da ordem do dia, a necessidade imperiosa de discutir projetos institucionais; A prática maniqueísta que “endeusa” uma candidatura e transforma a outra numa seção especial do diabo na terra, tornando a discussão do projeto institucional algo secundário; O velho e arraigo discurso de que “se você não votar em mim, perderá as benesses ou cargos que ocupa”, transformando o processo eleitoral em moeda de troca e afundando de vez as possibilidades de um debate profícuo.
Espero que dessa vez não seja preciso passar por tudo isso. Que possamos vivenciar um processo eleitoral com idéias maduras, atitudes coerentes e vinculadas a um projeto institucional. Tanto na UERN, quanto na UESB, geograficamente era muito difícil passar por um dos candidatos nos corredores das instituições. No CEFETRN (Uned Mossoró), isso é um fato cotidiano, o que não permite que a discrepância ideológica seja motivo de muxoxos e perseguições políticas envidadas de ódio e rancor – para o bem da Instituição Escolar.
Lauro Pires Xavier Neto
Professor do CEFETRN (Uned Mossoró)
Um comentário:
Parabens pelo texto Lauro. Nós que já passamos por tantos processos eleitorais sabemos como são as coisas...
Saudações Educacionais
Postar um comentário