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21.10.15

Professor Jó

Terça, três da madrugada. Acordo depois de um pesadelo. Uma sala de aula, alunos procurando intrigas e blasfêmias. Tentativas frequentes de estratégias para desestabilizar o professor. Conversas paralelas, caras e bocas. Tocaias para provocar o erro. Ar sarcástico, ironias, desamor.

Acordo ofegante e passo a escutar o alarme do relógio hora após hora, até as seis da manhã.

Começa o dia. Uma rotina que se prolonga por longos dezoito anos.

A última vivência, sempre taxo como a mais dolorosa experiência do magistério que enfrentei. Meus neurônios não suportam, fustigados pelo tempo.

Um equívoco qualquer é inevitável apesar das longas horas de preparação e leituras prévias.

O pesadelo era a antevisão, a aula a realidade.

Seres inacabados, de sentimentos inexplicáveis, transformam o déjà vu em tormenta concreta.

Próxima terça, enfrentarei um novo colisseu de leões sedentos que irão se revezar até dezembro - ou até eu parar de oferecer minha carne de Jó. 

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