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11.1.14

Revivendo 1989

25 anos depois o emblemático 1989 continua vivo. Ano da primeira eleição direta para Presidente da República após a ditadura civil-militar, vinte e poucos candidatos representavam as mais diversas correntes de pensamento. De coisas risíveis, como a natimorta candidatura de Sílvio Santos, ao sonho da esquerda subir ao poder pela via eleitoral. O que os caciques da política não esperavam é que um salvador da pátria, travestido de caçador de marajás, então desconhecido do grande público, pudesse superar nomes como Ulisses Guimarães, Mário Covas e Leonel Brizola. O desfecho dessa história todos nós conhecemos. 35 milhões de votos elegeram Collor de Melo-Itamar Franco e outros 32 milhões choraram a derrota de Lula-Bisol.

Pelo "Vocênotubo" é possível relembrar passagens marcantes daquele ano memorável. É possível assistir o programa eleitoral dos chamados nanicos, como Marronzinho e Enéas, e os extremos políticos como o então comunista Roberto Freire (PCB), apoiado pelo cantor Lobão, até figuras nefastas como Aureliano Chaves (PFL) e o candidato ruralista, Ronaldo Caiado (PSD).
Os jingles das campanhas contagiaram multidões, alguns mais pelo apelo sonoro do que pelos programas de governo. Afif, representante dos industriais, angariou votos graças ao "Juntos chegaremos lá, fé no Brasil" e até mesmo o "Bote fé no velhinho, que o velhinho é demais", do Dr. Ulisses,conseguiu comover muita gente. O "Lá, Lá, Lá Brizola" e o "Lula-lá", viraram clássicos e devem estar, ainda hoje, na memória de muita gente. Este último principalmente porque contou com um coral de artistas e intelectuais.

Lembranças idílicas da época fazem parte do meu imaginário, pois era um momento pleno do desabrochar da adolescência, tempo inclusive do primeiro amor. Infelizmente a crônica da vida real foi mais dura com o povo brasileiro e a inesperada vitória de Collor ainda carece de análises pormenorizadas. Como milhões de dólares surgiram para financiar a campanha? Quem foram os aliados nas eleições de 1990 privilegiados com as chamadas sobras de campanha? Quem assassinou PC Farias?

Durante a campanha, nos bastidores, escutava-se que os brasileiros perderiam seus aparelhos de TV, teriam restrições alimentares e teriam a poupança confiscada, caso o candidato barbudo vencesse a eleição. De fato a poupança foi confiscada e o saque nas contas restrito. Collor explica o fato como uma estratégia para barrar a inflação, depois de ouvir o Simossen, e diz que o Mercadante afirma que o PT utilizaria o mesmo artifício. Sarcasmos colloridos à parte, milhões de brasileiros foram assaltados e a verdadeira face de um projeto emergiu de maneira dramática para os pequenos poupadores.

Ficam mais perguntas. Como um ilustre desconhecido, filiado a um partido nanico (Partido da Reconstrução Nacional) conseguiu tamanha projeção? Como Collor de Melo conseguiu derrotar, no segundo turno, uma aliança de candidatos de tamanha expressividade (Lula, Brizola, Covas, Ulisses)? Por que um jovem, de apenas 40 anos, foi escolhido pelas elites para ser seu representante para derrotar a ameaça petista?

A história do afastamento de Collor por empáfia e corrupção todos nós já sabemos, mesmo que de maneira incompleta e sem vermos os larápios na cadeia. Como esse fenômeno surgiu é que procuro explicações.

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