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1.10.13

Xadrez

Filho,
hoje eu te apresentei o tabuleiro
e as peças do xadrez

Os peões e sua capacidade de organização
Um desejo enorme em não aceitar
A lógica do sistema
Convencer a maioria
Que é possível chegar ao posto de Rainha

A liberdade dos cavalos
Saltam muros
Andam em ele
Tripudiam dos obstáculos
Parecem bichos alados

A igreja sempre presente
Nas diagonais
Impõe seus ritos
Nem sempre sagrados
Muitas vezes, apenas mitos

Torres gêmeas anunciam o prelúdio
Pés de barro, ignóbeis
Acham que têm o mundo
E todos os contos de réis

O Rei é a prova cabal
Tão forte
Tão frágil
Anda qual um peão
E vive na espreita
Com medo do juízo final

Rogo aos céus que o mundo compreenda
Que o concreto real forja a consciência
E que esse mundo encantado
Do tabuleiro de xadrez
Seja apenas uma desculpa ética
Para passarmos horas a fio
Pensando em como viver
[plenamente]
A dialética

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