(Para Gabriel)
respiro este ar sufocante
minhas narinas não suportam mais
em greve não trabalham
renegam sua função
preferem asfixiar o corpo demente
do que encontrar respostas ao solene desejo
escuto canções, produzo tensões
procuro nas letras as respostas
mas não existem perguntas
minhas mãos não suportam mais
trabalhar com este coletivo
meus dias não suportam mais
o silêncio, sem bom dia
leio livros, produzo tensões
procuro nas letras as respostas
mas não existem perguntas
meus olhos não suportam mais
tantos desvios
meu corpo não suporta mais
tanta cobrança
o carteiro não veio
não escrevem ao coronel
mais cem dias
mais cem anos
mais um segundo de solidão
lá fora eventos, ventanias
pessoas opacas
outras não fedem, nem cheiram
e minhas narinas continuam em greve de fome
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