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13.7.09

SOBRE A REALIDADE POLÍTICA DA UFCG

Acredito que os problemas enfrentados na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) devem ser analisados por dois flancos:

O primeiro relativo à política neoliberal do Governo Lula da Silva e o segundo sob a via do processo da gestão democrática.

Não podemos, neste momento, escamotear que o Governo Federal não teve a coragem necessária para romper com o sistema financeiro internacional e criar as condições históricas para a transformação radical deste sistema econômico capitalista e dependente. Infelizmente a conjuntura carece de uma articulação política intensa dos trabalhadores, de um modo geral, e em especial dos trabalhadores em educação superior.

Vemos uma desarticulação política e uma ação deliberada do Governo Lula da Silva no sentido de desmobilizar o ANDES-SN, através de uma inusitada entidade, mascarada e com o codinome de Proifes.

Lembro bem que uma servidora recém-contratada pelo CES agradecia “o bom ato” do Presidente Lula em dar-lhe um emprego e esqueceu-se de que a grande trincheira de luta seria o sindicato, mas, como a maioria dos servidores do CES, a filiação nunca aconteceu. Hoje vejo esta servidora, aos prantos, reclamando da exaustiva carga horária do semestre 2009.2.

Nos debates para Reitor da UFCG estavam lançados os elementos centrais da crítica ao REUNI e ao modelo de expansão das universidades federais. Infelizmente o candidato à reeleição minimizava o debate e, por puro proselitismo, jogava a comunidade universitária contra os combativos companheiros que criticam o modelo de expansão escolhido por Lula da Silva.

É impossível debater as questões de falta de servidores no CES sem um aprofundamento desses elementos – para além dos efeitos da chamada “crise mundial”. O quadro é, digamos, aterrorizante e a pedra já estava cantando há muito tempo. Não canso em repetir: nossos Técnicos em Assuntos Educacionais não assumem suas funções, nossos Técnicos de Nível Superior estão em desvio de função e muitos servidores estão seguindo para outras paragens. De maneira inapropriada o grande debate no CES não está acontecendo, o cobertor curto está sendo esticado ora para a cabeça, ora para os pés – num reflexo inconsistente e pouco debatido entre os pares.

As ações são de desarticulação, sintomáticas e inúmeras. A destruição das Coordenações durante as férias escolares, o remanejamento de servidores e a destruição do “corredor político da ‘oposição’” apenas demonstram uma fragilidade em sustentar um discurso democrático e de enfrentamento de ideias. Não é mais admissível uma centralização de poder extrema. A experiência tem mostrado que isto só gera insatisfação no ambiente de trabalho, o surgimento de asseclas e puxa-sacos de toda ordem e ocasiona um clima de revanchismo que prejudica a oferta de serviços de qualidade por parte da instituição.

O modelo atual exige uma Direção colegiada, composta por amplos setores da comunidade, compondo uma estrutura de poder divida por percentuais de votos dos três segmentos da instituição. A discussão sobre um novo modelo poderia estar presente na reformulação do Estatuto da UFCG, mas esta universidade ainda carrega um vício sectário, coronelista, antidemocrático e de caráter fisiologista. Os colegiados são centralizadores, não discutem a opinião da base e assumem as posturas pessoais dos seus representantes. A própria vida acadêmica não é estimula a criar uma cultura de democracia e discussão coletiva.

Para complemento deste debate sugiro a leitura de dois textos do “Le Monde Diplomatique Brasil” deste mês de julho. O primeiro é de Silvio Bava (Editorial) intitulado “Um depoimento pessoal” e o outro é de Otaviano Helene, “Autonomia Universitária – um projeto que não admite contestações”.

Saudações,

Lauro Pires Xavier Neto
UFCG/CES/UAE
Campus de Cuité-PB

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