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27.6.25

Travessuras de uma menina má

Ela já havia avisado que era uma menina má
ao estilo Vargas Llosa
e eu ainda estava em “Se enamora”

Foi a primeira vez que me apaixonei

avisado de cara do terreno pantanoso que havia me metido

mesmo assim continuei acreditando na doçura da amora


Foram eternos “Ainda é Cedo”

meninas me ensinando quase tudo o que eu sei

levando surras de noites e mais noites de verão


Lutei contra a crosta irascível que se formava

escutava músicas de amor até perder o medo

tateava a menina má em esquinas inabitáveis


Virei um reprovado contumaz

vendendo flores mortas

e ensinando meu filho lições incabíveis

9.1.25

Manifesto Parahyba

Sou o único Paraibano nascido em Recife

Tenho sangue mestiço, mameluco do leão do norte

Mergulho em corais e arrecifes


Sou o único Paraibano nascido em Recife

Por isso, não acredito que o mundo surgiu no Marco Zero

Sou mais os bondes do Ponto de Cem Réis


Mordo tubarão a grito na praia de Boa Viagem

Mas prefiro um banho tranquilo em Coqueirinho


Sou Ariano às avessas, pernambucano desnaturado

Não nasci no Palácio e tomei rumo

Li o Auto, mas agora releio Torto Arado


Não ostento o Galo, passo carnavais com as Muriçocas

Não faço rinha com quem é o maior do mundo

Gosto mesmo é de carne seca com paçoca


Não chio para mostrar o amor pelo (e)sport(e), nem tenho time fora de série

Não vou aos estádios aos domingos

Nem escondo minhas intempéries 


Sou o único Paraibano nascido em Recife

Filho de Das Neves e Frederico, na luta por seu nome sedimentado

Sem essa dos Cavalcanti, quero mesmo minha Parahyba grafada com ypsilone