Páginas

30.11.08

Quem te disse?

minhoca na cabeça
rabo de cavalo
dois olhos pra te ver

e quem te disse que não vou conseguir?

olho-no-olho de quem não enxerga
a história passada com ferro enferrujado
roupa engomada, ternos militares

e quem te disse que irei desistir?

vôo cego, discurso irritante
mentiras eternas, barulho infernal
promessas não cumpridas

e quem te disse que não irei as ruas?

frases bonitas, discursos reprimidos
cabe ao povo resolver
suas feridas expostas

e quem te disse que irão me calar?

afinal sou povo,
trabalhador da base
que não sobe em carro de som

e quem te disse que não irei discursar?

não recebi migalhas sujas
apenas fui chamado na sala ao lado
reprimendas dos neoditadores

e quem te disse que sentirei medo?

noites avessas, travesseiros suprimidos
insônias eternas, coração abalado
desejo incessante

e quem te disse que não continuo a amar?

A Canção do Senhor da Guerra




Existe alguém
Esperando por você
Que vai comprar
A sua juventude
E convencê-lo a vencer...

Mais uma guerra sem razão
Já são tantas as crianças
Com armas na mão
Mas explicam novamente
Que a guerra gera empregos
Aumenta a produção...

Uma guerra sempre avança
A tecnologia
Mesmo sendo guerra santa
Quente, morna ou fria
Prá que exportar comida?
Se as armas dão mais lucros
Na exportação...

Existe alguém
Que está contando com você
Prá lutar em seu lugar
Já que nessa guerra
Não é ele quem vai morrer...

E quando longe de casa
Ferido e com frio
O inimigo você espera
Ele estará com outros velhos
Inventando
Novos jogos de guerra...

Que belíssimas cenas
De destruição
Não teremos mais problemas
Com a superpopulação...

Veja que uniforme lindo
Fizemos prá você
Lembre-se sempre
Que Deus está
Do lado de quem vai vencer...

O senhor da guerra
Não gosta de crianças...

Legião Urbana
Composição: Renato Russo e Renato Rocha

2.11.08

Isto posto

Isto posto, em ordem inversa
Sinaliza o ódio que reverbera
Do teu sangue
Inanimado

Isto posto, sem bom dia
Arranca meu semblante
De criança
Absorta

Isto posto, sem sinais
Fragiliza minha alma
Feito escárnio
Difamante
Impiedosamente

Resta-me o retorno
Ensangüentado
Pueril
desprezado

Estante (da vida)