Eu não sou mais um garoto dos anos 80
Não bebo mais por esporte
Não cruzo mais a Epitácio Pessoa
Causando tormenta
Eu não sou mais meu próprio líder
Eu não transito mais na infinita Highway
Eu não uso óculos
E as meninas do Leblon olham pra mim
Eu não sou inútil
Mas continuo sem saber votar para presidente
Meu pulso não pulsa
E não sei mais falar em Õ Blésq Blom
Cadê o feliz aniversário
E os velhos da cidade?
Não tenho mais fixação por nada
Nem tenho mais sonhos (não vou te contar)
Não vejo mais miséria em qualquer parte
Nem as riquezas indiferentes
Deixei de amar os Beatles e os Rolling Stones
(E o Papa não é mais pop)
Kafka não quer mais ficar comigo
Nem encontro mais baratas na cozinha
Não tenho mais os discos do Sex Pistols
E agora sou amigo do Rei
Eu só quero mandar flores para o delegado
E perguntar Quem é você?
Nada mais do (Anjo) Gabriel
E a felicidade de matar o presidente
Não quero mais jogar polo aquático na cama
Usar cobertores como lençóis
Não quero mais comer as calcinhas bélicas da Kátia Flávia
Para não explodir o exocet e devastar os peixes voadores
Não puxo mais as barbas de Deus
Nem mando beijos pelo ar
Não cavalgo mais no meus desatinos
Muitos menos carrego balões pelo mar
Eu não sou mais um garoto latino-americano
Agora sou fã do vermelho, branco e azul
Não toco mais o blues do Baader-Meinhof
E não
leio mais as Veias Abertas da América (do Sul)
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