Quando vejo uma escola-presídio
Lembro da minha infância com parquinho
Banho de sol e quadra esportiva
Mesmo com tantas regalias não passei incólume
A escola deixou marcas, edemas e traumas
Penso nas crianças da escola-presídio
Sem direito a intervalo
Dez minutos para engolir a merenda
Liberdade condicional às onze e ponto
Depois de uma manhã de trabalhos forçados
Em cubículos opacos
Ao lado da escola um presídio para adultos
Dedo em riste, o recado dado
"se não for um bom menino..."
A escola-presídio é uma incongruência da arquitetura educacional
É o dedo podre do Estado, carcomido,
Que aponta com firmeza para o caos
Ao lado crescem casebres, escabioses e cáries
Sorrisos e infâncias perfurados pelo descaso social
Urge a revolta, às vezes debelada pela escola,
Dizer em uníssono: libertem nossas crianças!
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