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29.4.16

Contingência

Sou do tipo revolucionário
Que deserta da guerrilha rural
No primeiro sinal
De um amor beligerante
Que se encanta com os acordes doces

E não chego a endurecer
Só em pensar em perder a ternura
Num bravo amanhecer

Por esse motivo
Não me alistei
Preferi a reserva de contingência
Por um desejo furtivo

Preferi ficar quieto
Escutar tuas músicas
Teus acordes
E dormir apaixonado
Eternamente,
no teu colo esplêndido

28.4.16

Nau

Se um mar revolto Agita teu coração Atormenta rotas e a navegação Toma uma dose de uma voz doce
Que intensiona, simplesmente, aplacar a falta que faz você 

Conto as horas para chegar num porto seguro Conto as horas para ouvir, de longe, sinalizadores afinando o tom Que me torna mais maduro

É mais que preciso, esse doce canto Quase pueril, cheirando a tenra idade Em qualquer canto  
Te escuto e esqueço a maturidade
Lágrimas rolam, descem embarcações Tecem desejos, emoções Traçam caminhos ao longo dos embarques Dessa viagem melódica repleta de talvez

Como eu queria Embrulhar tua voz em papel de jornal Carregar comigo em cada partida Tuas músicas, tipografadas Como uma tatuagem Em todas as viagens na minha nau