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21.2.14

Caos Centros




O prefeito ri ao cortar a faixa de inauguração
Bajuladores de plantão batem palmas
Agitam os jovens “colaboradores”
Agora confinados, seis, sete horas por dia
Um salário mínimo, um prato de almoço para dois

O prefeito vibra, a empresa comemora
Isenção fiscal, redução de impostos
Salário mínimo, todo tipo de repressão
Como posso chamar, se até mesmo o emprego
É dominado pelo idioma dominante?
Caos Centros?

Centro de que?
Senzala moderna, para menores de 21
Células prisionais
Prisão domiciliar
Explorado pela manhã
Arrasado a noite, só pensa em dormir
Outro cubículo

“Melhor que estar roubando”
Deve ter sido o discurso ao cortar a faixa
Ao implementar a exploração oficial

Jovens agora vão aprender a mentir
Usar estratégias pérfidas
Enrolar o consumidor
Para poder manter o seu suado primeiro emprego
E auferir mais lucros para a bondosa empresa

16.2.14

O orvalho de olho no roseiral

Deputar

O povo deputou um deputado
Deputado, ex-prefeito
Inventou o verbo mais que perfeito

Com todo respeito àquelas que se deputaram
O deputado deputou o povo
Com colarinho branco

Contratou advogado,
Conseguiu voto
Para tudo que é lado

O povo deputado
Agora dá para todo deputado
Que lhe oferecer a cidade mais festeira
O petróleo mais sujo
Outrora tijolos e retroescavadeira

É preciso deturpar
O verbo deputar
Para mostrar ao povo
Que o nobre deputado
Roubou a cena da educação
Cometeu ilícitos na saúde
Pagou a gang de OAB
Com recursos do erário público

Deputar é ato antigo
Verbo novo, neologismo
Só para dizer que estamos cansados
De tanta violência com o povo
E tamanho fisiologismo

15.2.14

Passeata

Essa lógica de mundo estorvo
Com essas bombas alimentadas pela fome
E essa concorrência desenfreada

Pegue esse pedaço de pão, tome!
Alimente esse corvo
Em qualquer praça do meio do mundo

Já disse que não sou Raimundo
Sou esse sujeito fétido, imundo
"Que escarra na boca que beija"

E meio torpe, desarmado
Canto as sesmarias
Em qualquer lote desafinado

Mas, olhe ao lado
Sem carro, sem pão, nem mesmo pássaro
Para dar comida ou ser passado

Vou rogando por mudança
Esperando que qualquer passeata acabrunhada
Leve-me para as asas da esperança

13.2.14

"Speed Day" em Aracaju/SE

Dia 08 de fevereiro ficará na memória do Aracajuano, ou pelo menos será inesquecível para os contribuintes da cidade. Alardeado como o “evento” que abriu o Projeto Verão 2014, o “Speed Day” não conseguiu escapar nem mesmo da dependência cultural norte-americana no ato de seu batismo, fenômeno corriqueiro nos projetos da Prefeitura Municipal de Aracaju, em especial da Secretaria de Educação (o Mind Group e Join Street são as vedetes da educação no município).

Bancado pelas Secretarias de Juventude & Esporte e pela Fundação Cultural (FUNCAJU) o evento sugou dos cofres públicos, segundo dados oficiais e despesas diretas, R$ 81.575,00 e um único empenho da FUNCAJU relativo a “shows artísticos” custou a bagatela de R$ 50.000,00 pagos a empresa Fama Eventos. Tudo isso com a velha justificativa “legal” de inexigibilidade ou dispensa de licitação.

Segundo informações da página da Prefeitura, o “evento” contemplou as “modalidades” de jet ski, stand up padle, remo, barcos de competição e quadriciclo. “Esportes” bem distantes da realidade da maioria da população brasileira, apesar dos recursos da Secretaria de Juventude & Esporte serem oriundos da rubrica “Desporto Comunitário” e serviram para fornecimento de lanches e alimentação. Ao total R$ 4.695,00 que devem ter enchido a pança de autoridades e convidados ilustres.

O Grupamento Tático Operacional (GTO) da Prefeitura também esteve presente, abrilhantando o “evento”, salvaguardando a vida da população que mais precisa, recebendo diárias e amplexos do poder constituído.
Alguém pode dizer que oitenta e poucos mil não representam nada frente a um orçamento da FUNCAJU de R$ 16.826.898,00, e que o Prefeito precisa de segurança e alimentação servidos como banquete para ostentar sua popularidade em eventos como este. Infelizmente o contribuinte que mais precisa de cultura e esporte não anda de jet ski e não precisa de atividades ignóbeis dessa natureza que fazem a festa da burguesia da cidade.

A Prefeitura de Aracaju, representada pelo partido Democratas, já anuncia como será o ano de 2014 no tocante à cultura e ao esporte. Estamos reféns de secretários desse naipe, que dormem para ter sonhos miraculosos e acordam para transformar a vida dos contribuintes em pesadelos como este.

12.2.14

Violência

Mais um ato de violência e vandalismo chocou o Brasil. Sem exageros, a mídia mostrou a verdadeira face dos trogloditas que agem de maneira inescrupulosa e utilizam todo o tipo de artefatos para destruir a nossa democracia. Pessoas desse tipo devem ser submetidas ao rigor da lei, julgadas e presas contando com a celeridade da justiça desse país. Todos nós estamos estarrecidos com os últimos acontecimentos e a população não suporta delinquentes soltos pelas ruas. Temos que dar um basta nisso tudo! Quantas pessoas ainda irão morrer para que o poder público tome as rédeas e aja de forma contundente?

Não se confunda, estou falando de mais um prefeito que roubou verbas da Merenda Escolar e elegeu sua esposa como sucessora. Quantas crianças foram a óbito neste delito? Quantas adoeceram? Quantas foram prejudicadas no seu rendimento escolar? Quantos votos foram comprados? Quanto tempo  a mídia reservou sobre este assunto?

Sempre bom lembrar o Brecht.
Muitos falam da violência dos rios, mas poucos citam as margens que o comprimem.

11.2.14

Carnaval

Para que serve o carnaval fora de época?
Para alimentar o gerente da urbe amada
E sua trupe alerquim

Para deixar o povo de cabeça oca
Delirando com essa política armada
E cheirando alfenim

9.2.14

E

Teu primeiro E
Escrito na areia da praia

Teu sonoro nome dito com orgulho
Aquele que combate

Também ri
Corre
Brinca
Chora

Teu primeiro E
Feito com a ajuda de um singelo gravetinho
Numa areia branquinha
Plasmada de luz

Vovô

Pai,

vem brincar de Vovô com meu filho...